Afastando-se da representação fiel, a abstração é uma categoria que se formou na arte ocidental no século XX, a partir de artistas como Jackson Pollock, Willem de Kooning e Mark Rothko. As obras de J.M.W. Turner, Gustave Courbet, Édouard Manet e os impressionistas, influenciaram o que categorizamos hoje de abstração. Pablo Picasso e Georges Braque, criam o primeiro movimento de arte abstrata, o cubismo. Este é fundamental para o futurismo na Itália, a abstração sem representação (non-objective abstraction) de Wassily Kandinsky, Kasimir Malevich e Piet Mondrian e o purismo de Le Corbusier e Amédée Ozenfant. Denota-se que na segunda metade do século XX, movimentos como expressionismo abstrato, arte conceptual e o minimalismo abraçaram o poder e estética da abstração formal em vez da representação literal. Gosta de arte abstrata? Descubra neste artigo 10 artistas com peças abstratas.
Vieira da Silva
Por meio das suas obras que vão desde o figurativo ao abstrato, Maria Helena Vieira da Silva marcou a história da arte portuguesa e internacional. O seu percurso iniciado em Paris, ficou associado à sua versatilidade, com um conjunto de obras que vão desde pintura, escultura, tapeçaria, passando pela ilustração e cenografia. A artista trabalhou e viveu essencialmente em Paris, contudo é possível descobrir na sua obra vestígios de Lisboa. Devido à Segunda Guerra Mundial e ao Estado Novo, refugiou-se no Brasil com o seu marido, o pintor Arpad Szenes. Com um grande respeito pela pureza dos meios de expressão selecionados e através das suas originais composições geometrizadas, tornou-se uma das artistas abstractas mais celebradas na Europa do pós-guerra. As suas obras encontram-se expostas pelo mundo inteiro, sendo exibidas em repetidas retrospectivas.
Catarina Ferreira
Catarina Ferreira é uma artista autodidata em pintura, com formação superior em turismo. Costuma dizer que sabe que é artista desde que conseguiu pela primeira vez agarrar num lápis de cera. Desde a pandemia, deixou o mundo corporativo para trás e desenvolveu a sua arte, criando obras vibrantes cheias de luz e alegria. Há algo mágico em ver a beleza das flores e plantas e conseguir transformá-las em lindas pinturas abstratas. Pinta em tela e papel, sendo este último o seu tipo de trabalho mais colecionado. O seu trabalho surge intuitivamente, deixando o seu corpo e emoções guiarem o seu movimento. O processo criativo é a sua terapia, o lugar onde se sente mais ela mesma, enquanto procura a vida e positividade que este nosso mundo oferece. Usa tintas acrílicas, pastel, carvão, óleo, grafite, lápis de cor e até elementos do seu jardim. Passa os seus dias em casa a pintar no seu atelier, inspirada pela simplicidade do dia a dia e pela natureza. As suas pinturas são extensões do seu jardim. Atualmente vive em Cascais, com o seu marido e cães e passa o seu tempo a viajar entre Cascais e o Alentejo, de onde a sua família é original e onde se sente em casa.
Maria Luísa Capela
As obras da jovem Maria Luísa Capela (Santo Tirso, 1997) estabelecem-se numa forma de composição criativa contemporânea, onde a forma e a cor destas ultrapassam a pintura por definição e estabelecem-se num novo espaço de dimensão escultórica. A sua produção artística excepcional advém da escolha cromática rigorosa e a forte volumétrica, num jogo entre a bidimensionalidade e tridimensionalidade. Um espaço abstrato e nutrido pela atenção de quem se disponibiliza para o observar, atribuindo à posterior novas relações com o mundo visível. Uma unidade compositiva que vive na permanente dinâmica entre forma e cor que ultrapassa a pintura por definição. Actualmente é colaboradora da Associação POUSIO Arte e Cultura, tendo feito parte do Projecto desde a sua primeira residência artística em Cachopo (Tavira), entre outras actividades, como um projecto de curadoria a convite da Revista GERADOR, naquele que foi o seu primeiro projecto como curadora. A exposição Suspenso - Um lugar de contemplação (2021) foi a exposição patente na Central Gerador no evento anual da revista. Ganhou o Prémio Revelação na XV Edição do Prémio D. Fernando II no Museu das Artes de Sintra (MU.SA) em 2019. Recentemente participou na Contemporary Istanbul (2021) na Turquia; na exposição Reflection upon Space - Part II (2021) com a curadoria de Carolina Pelletier Fontes e Delfina Sena no Espaço Útero e ainda a Exposição de Finalistas (2021) na Sociedade Nacional de Belas-Artes.Assinalam-se ainda as seguintes exposições como a TRIDIMENSIONALIDADE APARENTE (2020) na Galeria António Prates; a XXI Bienal Internacional de Arte de Cerveira (2020) cujo tema: Diversidade-Investigação. O Complexo Espaço da Comunicação pela Arte; BARBEITO (2020) na Casa-Museu Medeiros e Almeida e o Prémio Paula Rego, 2ª e 3ª edição (2017 e 2018 respectivamente).
José Pedro Croft
Esculturas e pinturas geométricas reduzidas caracterizam o trabalho de José Pedro Croft (1957), um dos maiores artistas contemporâneos portugueses. Na década de 1980 iniciou o seu longo percurso pela escultura, utilizando materiais industriais, como madeira e metal, sobre superfícies de vidro ou espelhos. Com uma dimensão arquitetónica criada a partir da aplicação dos materiais e pigmentos, as suas esculturas e pinturas concebem um jogo de tensão, desfragmentação e desconstrução entre a luz, sombra e cor. Representou Portugal na 57ª Bienal de Veneza em 2017 e as suas obras encontram-se em vários museus, nacionais e internacionais, incluindo o Museu Coleção Berardo de Lisboa, Museu de Arte Contemporânea de Elvas, Centro Pompidou da França e Museu Rainha Sofia da Espanha.
Árpád Szenes
Árpád Szenes (1897-1985) foi um artista húngaro que se destacou nas áreas da pintura, desenho e gravura. Nasceu em Budapeste e começou a estudar arte na Escola de Belas Artes de Budapeste em 1915. Durante a Primeira Guerra Mundial, Szenes serviu como soldado e foi capturado pelos russos. Depois de ser libertado, retornou à Escola de Belas Artes e começou a trabalhar como artista profissional. Szenes foi um dos principais representantes do Expressionismo Húngaro e desenvolveu um estilo próprio de pintura, caracterizado por cores vivas e formas dramáticas. As suas obras têm um forte conteúdo emocional e abordam temas como a guerra, a miséria e a solidão. Árpád Szenes foi um artista muito produtivo e criativo ao longo de sua carreira, produzindo centenas de obras de arte, incluindo pinturas, desenhos e gravuras. Algumas de suas obras mais conhecidas incluem "A Guerra", "A Madona", "O Artista e sua Família" e "O Deserto". Árpád Szenes também defendeu ativamente a causa judaica e participou em vários movimentos políticos e sociais em defesa dos direitos dos judeus. Faleceu em 1985, deixando um legado importante como um dos mais importantes artistas húngaros do século XX.
Joana Duarte
As composições de Joana Duarte (Vila Franca de Xira, 1999) descrevem as linhas essenciais da pintura: cor, forma, textura e movimento. Nas suas obras com grandes influências abstratas, são utilizados poucos elementos com limites indefinidos que criam interessantes relações cromáticas de grande subtileza. As manchas de cor presentes na sua pintura oferecem ao espectador uma porta para as emoções cruas e para o imaterial, ao explorar preferencialmente as qualidades tácteis e os efeitos sensíveis da cor. Desde criança que se interessou pelo mundo das artes plásticas. Formou-se em produção artística na Escola Artística António Arroio, licenciou-se em Pintura na FBAUL, pós-graduada em curadoria de arte na FCSH-UNL e estudante de Museologia na mesma instituição. Enquanto artista, participou em várias exposições, destacando-se: Exposição do prémio Paula Rego 2018 – Casa das Histórias Paula Rego (Cascais); ‘'Bruxa de Arruda'' e “Bruxas e feitiços” em 2020 – Centro cultural do Morgado, (Arruda dos vinhos); “Quantos A4 cabem no Á-Quatro” 2020 (Barreiro); Exposição ‘’Prémio Pedro Sousa 2020’’- Bienal de Desenho de Almada; Bienal de Santa Catarina 2022 (Leiria); Exposição “Reserva para o Futuro” – Sociedade Nacional de Belas-Artes, 2022 (Lisboa).
Tito Chambino
No domínio das artes plásticas, Tito Chambino (1996) explorar maioritariamente a vertente da escultura/instalação e da pintura - sendo que a primeira tem vindo a assumir uma maior preponderância no seu projeto autoral. Subjacentes ao seu trabalho estão questões em torno do espaço – o espaço na peça, a peça em função do espaço que ocupa, e aquilo que as medeia – , questões em torno do tempo – enquanto permutabilidade da obra - e questões em torno do material e da matéria, onde predomina uma redução e simplificação estrutural, bem como uma procura incessante pela perfeição das formas.
Júlio Pomar
Em constante movimento e criação, Júlio Pomar (1926-2018) é um dos artistas portugueses mais conceituados do século XX. Durante o seu longo percurso criativo abordou nos seus trabalhos questões e temáticas como: o protesto, o erotismo, o fado, a tourada, a literatura, a mitologia, os índios Xingu do Brasil, D. Quixote, retratos e animais. Pertencente à terceira geração de modernistas, Júlio Pomar é um artista com obras que vão desde o neorrealismo ao expressionismo, passando pelo abstracionismo. Produziu, maioritariamente, pinturas e desenhos, mas também realizou trabalhos de gravura, escultura, ilustração, cerâmica, vidro, tapeçaria, colagens, cenografia para teatro e decoração mural em azulejo. Nos últimos anos de vida, dedicou-se também à poesia e à música.
Nadir Afonso
O artista português Nadir Afonso (1920- 2013) foi pioneiro na abstração geométrica em Portugal, sendo uma figura fundamental para o modernismo deste país. Num período inicial de experimentação pictórica, através do figurativismo e da representação do real, percorreu uma estética surrealista que fez a passagem para o abstracionismo. Descobriu assim a sua atração pela pintura geométrica. O artista considerava que a arte, não era fruto da imaginação, mas da observação e manipulação da forma. Além de pintura, exerceu trabalhos de arquitetura, colaborando com arquitetos como Le Corbusier e Oscar Niemeyer. A sua produção artística é singular e fundamental para o estudo do modernismo em Portugal.
Natália Gromicho
No sentido mais puro, Natália Gromicho criou com uma linguagem ao mesmo tempo lírica e misteriosa, jubilosa e poética. Empregando esses paradoxos, a artista aplica o seu talento bruto em diferentes técnicas e estilos, criando uma sensação de fluxo, profundidade e domínio. O trabalho de Natália Gromicho debruça-se em imagens elementares, da natureza, da paisagem, da cultura e até dos indivíduos que encontra nas suas viagens. Estas memórias são transformadas de forma dramática com contrastes de escala, mudanças de foco, reflexos irregulares e superfícies múltiplas ou em camadas. A percepção sensorial para artista é uma atividade espiritual, que leva a uma intensificação da consciência da natureza e da cultura - este processo de pensamento aponta para um novo tipo de realismo. No entanto, também faz referência às concepções teóricas de desconstrução emergentes durante o Modernismo.