Celebra-se a 18 de julho, o Dia de Nelson Mandela, como forma de homenagear a vida e o legado de um dos importantes líderes contra o regime do Apartheid. Durante toda a sua vida, procurou resolver os conflitos através da paz e lutou para garantir a igualdade social, política e económica. Como forma de comemorar este dia especial, damos a conhecer cinco artistas africanos, muitos deles autodidatas, que conseguiram construir uma carreira de renome, estando atualmente as suas obras presentes em inúmeros museus e coleções privadas em todo o mundo. Conheça neste artigo a vida e prática profissional, destes cinco artistas que mudaram o panorama da arte, através das suas obras.
Malangatana
O artista multifacetado e auto-didata Valente Malangatana Ngwenya (1936-2011), deu expressão à sua cultura, através de diversos meios e técnicas, como a dança, a música, a poesia, o teatro, a tapeçaria, a cerâmica e a escultura. As suas pinturas são caracterizadas pelas cores, formas e movimentos do traço dos rostos, que transmitem as raízes africanas, ao revelarem as histórias, as tradições e modos de viver. Tornou-se num dos artistas africanos mais conhecidos internacionalmente devido à sua extensa produção no campo da pintura sobre a temática da descolonização e da independência de Moçambique. As suas obras atualmente atingem recordes em leilão e encontra-se exposta em inúmeros museus e coleções privadas em todo o mundo.
Malangatana, 1965
Roberto Chichorro
Num mundo mágico de lembranças, Roberto Chichorro (1941) expressa nas suas pinturas com vivacidade as características do povo moçambicano. Iniciou a sua carreira no mundo do desenho, a partir do curso de Industrial de Construção Civil. Em 1967, realizou a sua primeira exposição na Cooperativa da Casas de Lourenço Marques, mas somente a partir de 1980, é que se dedica inteiramente à pintura. Na exuberância e vibração das cores é transmitida às vivências fortes, desde a luta armada nos tempos da Revolução em Moçambique até à repressão social entre os anos 1940 e início dos anos 1970. Os adornos unem-se a uma figuração praticamente abstrata numa paleta de cores que se destaca por ser sempre intensamente colorida.
Roberto Chichorro, 1999
Makonde
A arte escultórica dos Wa-Makonde, ou simplesmente Makonde, tornou-se conhecida nos meados da década de 50, quando os escultores passaram a criar novas formas e a comercializá-las. O material predominante é uma madeira leve e macia de cor clara, a Sumuameira brava. As esculturas apresentam um nível técnico e de movimento distinto das restantes nesta região. Estas obras destacam-se pela sua manifestação tradicional sobre os rituais, como é o caso das designadas máscaras Mapiko, que estão ligadas aos complexos rituais de iniciação masculina chamado likumbi. Desde da sua descoberta que a arte Makonde tem conseguido adquirir uma grande notoriedade no mundo da arte pela sua singularidade.
George Lilanga
Inspirado nas obras de arte Makonde, George Lilanga (1934-2005) criou retratos das figuras tradicionais dessa cultura. As pinturas sobre a madeira, produzidas com ricas e brilhantes cores, oferecem uma visão contemporânea sobre um estilo único. O artista iniciou sua carreira, em 1961, em Lindi, uma região conhecida pela sua profunda cultura ligada aos rituais de iniciação com dança e pela tradição escultórica. As figuras, as histórias e todas emoções da cultura makonde foram a maior inspiração para as suas composições impactantes. As suas obras têm sido expostas em vários países e em vários museus de prestígio como o Centre Pompidou e o Guggenheim Bilbao.
Joaquim Canotilho
Com um olhar único sobre o quotidiano, Joaquim Canotilho (1953) pinta com subtileza, a beleza das cidades, dos animais, das pessoas e os seus hábitos. Desde de animais selvagens aos pescadores de Catembe, o artista moçambicano retrata, de um modo genuíno, o mundo à sua volta, como forma de preservar uma memória deste. Utilizando essencialmente a técnica da aguarela, concebe representações harmoniosas e suaves, das particularidades de países como Moçambique, Portugal e Brasil. Pintura a óleo, guaches e serigrafia são outras das técnicas utilizadas por Joaquim Canotilho. Participou em vários concursos e exposições, colectivas e individuais em diversos países.
Joaquim Canotilho, 2006