O que visitar em julho?
A Arte pertence à humanidade como um todo, por isso é mais do que legítimo querer apreciá-la. Há diversos museus e centros de difusão de arte contemporânea em todo o mundo. Quais é que devo visitar? Algumas das exposições mais esperadas estão prontas para entrarem em cena durante o mês de julho. Com novos trabalhos de artistas em ascensão aos fascinantes pintores do século XX, recomendamos cinco exposições nacionais e internacionais, que merecem uma visita com olhos de lince, atentos ao mais pequeno detalhe.
1.Documenta XV
Este ano a documenta acontece de 18 de junho a 25 de setembro de 2022 em Kassel. A documenta und Museum Fridericianum gGmbH é uma organização sem fins lucrativos apoiada e financiada pela cidade de Kassel e pelo Estado de Hesse, bem como pela Fundação Cultural Federal Alemã.Em 1955, o pintor de Kassel e professor da academia Arnold Bode tentou trazer a Alemanha de volta ao diálogo com o resto do mundo após o fim da Segunda Guerra Mundial e conectar o cenário artístico internacional por meio de uma “apresentação da arte do século XX”. Ele fundou a “Sociedade de Arte Ocidental do Século XX” para apresentar a arte que havia sido considerada pelos nazistas como degenerada, bem como obras da modernidade clássica que nunca haviam sido vistas na Alemanha no destruído Museu Fridericianum. A primeira documenta foi uma retrospectiva de obras de grandes movimentos (Fauvismo, Expressionismo, Cubismo, Blaue Reiter, Futurismo) e individualistas brilhantes como Pablo Picasso, Max Ernst, Hans Arp, Henri Matisse, Wassily Kandinsky e Henry Moore. Ruangrupa é a Direção Artística da décima quinta edição da documenta. O coletivo de artistas sediado em Jacarta construiu a base da documenta sobre os valores e ideias centrais da lumbung (termo indonésio para um celeiro de arroz comunal). Lumbung como um modelo artístico e económico está enraizado em princípios como coletividade, compartilhamento de recursos comunitários e alocação igualitária, e está incorporado em todas as partes da colaboração e da exposição.
2.MAAT
No MAAT encontra-se durante este mês diversas exposições, incluindo a proposta monumental de Vhils até à programação de performance que cruza diferentes áreas disciplinares e campos artísticos. Vamos começar por Alexandre Faro aka Vhils, que nesta exposição recorre exclusivamente ao vídeo, uma linguagem que o artista português tem vindo a explorar mais recentemente. Prisma é uma exposição composta por um conjunto de imagens representando o quotidiano em nove metrópoles: Cidade do México, Cincinnati, Hong Kong, Lisboa, Los Angeles, Macau, Paris, Pequim e Xangai, onde o artista realizou, ao longo dos últimos anos, importantes trabalhos de arte pública.
No mesmo edifício há Interferências — Culturas Urbanas Emergentes, que demostra a diversidade cultural que caracteriza a cidade de Lisboa. Interferências é uma exposição que afirma diferentes expressões da cultura urbana, explorando itinerários narrativos da cidade através de um diálogo que privilegia o museu enquanto espaço crítico, lugar de encontro entre várias comunidades e sensibilidades – as instaladas que o frequentam e as subalternizadas que o desconhecem –, ponto de partida para novos começos. O MAAT transforma-se, assim, em palco de utopias e lutas intemporais, de tensões emergentes, de histórias contadas e por contar.
Por ocasião da Temporada Portugal-França 2022, o MAAT apresenta pela primeira vez em Portugal um amplo panorama da coleção pessoal de Antoine de Galbert. Colecionador apaixonado por quebrar barreiras, Antoine de Galbert gosta de criar diálogos entre a arte contemporânea, as artes populares e a arte bruta na sua coleção. Figura reconhecida do mecenato em França, criou uma fundação com o seu nome e inaugurou em 2004 a La Maison Rouge, um centro de arte privado em Paris, cuja programação marcou a paisagem cultural parisiense até ao seu encerramento, em 2018. Antoine de Galbert prossegue a missão da sua fundação, nomeadamente de promoção de várias formas de criação atual, de suporte à investigação em História de Arte, de apoio aos artistas e críticos na edição de publicações, de contribuição para o enriquecimento de fundos museográficos através de doações e aquisições.
Inspirada na história e na função original do local de exposição, a temática da noite impôs-se, rapidamente. Através de um percurso pensado como travessia, do crepúsculo até ao amanhecer, da cegueira e da perda de referências até à esperança por melhores dias no horizonte, dos sonhos noturnos até à noite cósmica, a exposição convida os visitantes a percorrerem esse intervalo noturno, propício à expansão do imaginário, ao sonho e às visões do futuro.
3.Serralves em Luz
Serralves em Luz regressa para uma segunda edição e transforma todo Parque de Serralves numa impactante exposição de luz, proporcionando a fruição noturna deste magnífico espaço através de uma experiência surpreendente.
Após o sucesso da primeira edição, referida no jornal britânico The Times - um dos títulos com maior reconhecimento a nível global - como uma das 10 melhores exposições a visitar em toda a Europa, o Serralves em Luz regressa ao Parque de Serralves no dia 22 de junho com a direção criativa de Nuno Maya e organizado em articulação com a equipa de Serralves e com desenhos de luz do Coletivo OLAB, Sophie Guyot, Tamar Frank e Tilen Sepič.
Ao longo de um percurso de 3 km, vinte e cinco instalações de luz, com recurso a múltiplas fontes, tecnologias de baixo consumo e até elementos vegetais recuperados no próprio Parque, proporcionam uma experiência sensorial mágica, num ambiente imersivo que dá a conhecer novas perspetivas deste notável espaço e convida à descoberta do seu património natural e arquitetónico.
Os desenhos de luz de Nuno Maya, criados especificamente para esta exposição, conjugam várias formas de luz com diversos locais do Parque, despertando no espectador diferentes emoções e sensações visuais, enquanto as intervenções internacionais se focam em peças escultóricas luminosas e interativas que permitem, pela primeira vez, um papel ativo do público que pode assim transformar, através da luz, as paisagens naturais dos espaços. Do ateliê para crianças, desenhado pelo diretor criativo da exposição e executado com a colaboração do Serviço Educativo Ambiente de Serralves, nasceu ainda uma projeção video mapping na fachada da Casa do Cinema Manoel de Oliveira assinada por alunos do 2.º ano da Escola Básica da Pasteleira do Porto.
Em paralelo a esta grande exposição noturna e ao ar livre, decorrerá um programa de visitas orientadas e de workshops de fotografia, que complementa e realça a vivência das diferentes dimensões em presença: luz, natureza, arte e arquitetura.
4.CÓMIC. SUEÑOS E HISTORIA na CaixaForum Madrid
Esta exposição aborda a banda desenha como ferramenta de pensamento e como meio capaz de intercalar o corte da descontinuidade na lógica das histórias. Ao longo do século XX e até os dias atuais, a banda desenha tem sido um espelho da realidade capaz de captar as mudanças da sociedade e os modelos de imaginação. Ao mesmo tempo, a banda desenha também foram um incentivo para essas mudanças e proporcionaram antecipações substantivas, como mostra a abordagem da obra de autores como George Herriman, Milton Caniff e Jean Giraud (Moebius). A exposição inclui obras de alguns dos personagens ou banda desenhas mais famosos, como The Yellow Kid de Richard Felton Outcault, Little Nemo in Slumberland de Winsor McCay, Terry and the Pirates de Milton Caniff, Tintin de Hergé, Flash Gordon de Alex Raymond, The Spirit de Will Eisner, Sin City de Frank Miller, The Amazing Spider-man de John Romita, Watchmen de Dave Gibbons e Alan Moore, Arzach de Moebius e Corto Maltese de Hugo Pratt, entre outros. Além disso, essas obras dialogam com uma seleção de obras de autores nacionais.
5.Shirley Jaffe: An American Woman in Paris na Centre Pompidou
Com a sua morte em 2016, Shirley Jaffe, a pintora norte-americana, deixou um riquíssimo acervo de arte abstrata, cujo significativo conjunto foi doado ao Estado francês e recebido pelo Museu Nacional de Arte Moderna em 2019. Esta exposição original mostra como a artista teve que abandonar o gesto para trazer uma tensão cada vez maior à sua experiência artística. A apresentação cronológica orquestra periodicamente arranjos presenciais de obras de diferentes períodos. Preciosas notas de estúdio feitas pela artista para cada uma de suas fotos são apresentadas em vitrines com material de arquivo de seu estúdio. Shirley Jaffe nasceu em Nova Jersey em 1923, estudou na Cooper Union em Nova York, de onde partiu para Paris, onde se estabeleceu em 1949. Na década de 1970, vemos o desenvolvimento do seu estilo pessoal com contornos cinzelados, A sua geometria é bem ordenada, mas também aparentemente aleatória, mas escrupulosamente ditada, como algumas das composições musicais dos seus contemporâneos.