1.“Agnès Varda: Luz e Sombra” de Serralves
Agnès Varda (1928-2019) afirma ter tido três vidas: primeiro como fotógrafa, depois como cineasta e, finalmente, como artista plástica. Passando por cada uma dessas três modalidades, esta exposição testemunha o modo como a sua produção artística se desenvolveu em diálogo com a sua obra cinematográfica, sendo também representativa do modo como a realizadora se foi reinventando. A obra cinematográfica de Agnès Varda é tida como fundadora, senão mesmo percursora, do movimento da Nouvelle Vague francesa. Vinda da fotografia, a sua chegada à realização fez-se pela relação direta com o mundo, filmando em exteriores e reinventando a abordagem documental. Com cerca de quatro dezenas de filmes, rodados ao longo de mais de seis décadas, é possível identificar no trabalho da realizadora algumas recorrências: o gosto pelo retrato e pelo autorretrato, as descrições provocadoras do ideário familiar e amoroso, o filme como forma de ação política (juntou-se aos Black Panthers, lutou contra a guerra do Vietname, fotografou a revolução cubana, participou do movimento feminista), a celebração da partilha comunitária e, numa fase posterior, a reflexão sobre as questões da reciclagem e do envelhecimento. Filmando ficções de pendor documental e documentários encenados, a obra de Varda encontra, na sua diversidade, a força de uma franqueza sempre disponível a ouvir o outro. Neste ciclo, programado em diálogo com a exposição Agnès Varda: Luz e Sombra, apresenta-se uma seleção dos seus filmes que dão a ver as reflexões internas de uma obra marcada pelo poder do diálogo.
2.“Warhol, Pessoas e Coisas” na Casa São Roque
A Casa São Roque (R. São Roque da Lameira 2092), um dos espaços mais bonitos do Porto, serve de palco à exposição “Warhol, Pessoas e Coisas”. Aberta ao público até 31 de janeiro de 2023, trata-se de uma extensa exposição dedicada a Andy Warhol e à sua influência sobre várias gerações de fotógrafos, cineastas, músicos e artistas multimédia. A mostra inclui obras de Warhol, mas também dos seus amigos mais próximos. Uma oportunidade única para (re)descobrir um dos artistas mais badalados do séc. XX! Para visitar a Casa São Roque e a exposição dedicada a Warhol o bilhete integral custa 8€; 4€ para jovens entre os 13-18 anos e para adultos com mais de 65 anos (segunda, quarta-feira a domingo (encerrado às terças), das 13h30 às 20h00).
3.“Jorge Queiroz e Arshile Gorky To Go To” na Coleção do Centro de Arte Moderna
A exposição «Jorge Queiroz e Arshile Gorky. To Go To» reúne desenhos e pinturas do artista português Jorge Queiroz e do artista arménio-americano Arshile Gorky, ambos representados na Coleção do Centro de Arte Moderna.
Jorge Queiroz e Arshile Gorky. To Go To é um encontro imaginado entre dois artistas de tempos, lugares e mundos artísticos distintos, mas com muito em comum.
Jorge Queiroz (Lisboa, 1966) é autor de um dos mais fascinantes universos artísticos no panorama atual da arte portuguesa e Arshile Gorky (Khorkom, Arménia, c. 1904 – Sherman, Connecticut, Estados Unidos, 1948), é considerado o «pai» do expressionismo abstrato americano do pós-guerra e uma referência fundamental da arte ocidental da primeira metade do século XX. A primeira exposição individual de Gorky na Europa realizou-se no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian em 1984. Obras dos dois pintores integram o acervo do Centro de Arte Moderna. Uma imagética poderosa pontuada por cores fortes e vibrantes e uma abstração dominante, evocam memórias e narrativas que se expressam em formas indistintas e irreais nas obras de ambos os artistas. Desenhos e pinturas de Gorky e Queiroz integram esta exposição que se constitui como uma instalação. As obras têm vida própria, mas respiram numa mesma atmosfera.
4. "A paisagem é para sempre" com obras de Ai Weiwei, Niek Te Wierik e Sara Leme na Fundação Eugénio de Almeida (FEA)
Na longa duração da história, as pedras constituem um poderoso reservatório de eventos decorridos no tempo geológico e na lenta configuração da paisagem. É na pedra e na matéria da pedra que, de forma precisa, se encontra a evidência da paisagem como inscrição ancestral, mesmo quando sabemos que a duração existe no transitório, como disse Peter Handke, na simples presença, no traçado da linha do horizonte, no diálogo silencioso que as raízes estabelecem com o céu. É nesse lugar frágil, entre eternidade e sensibilidade, que se cruzam os trabalhos dos três artistas aqui expostos.
Ai Weiwei tem colocado o seu ativismo político em defesa da liberdade e dos direitos civis no centro de uma obra ampla e multiforme. Mas as suas relações com a história e a cultura chinesas permanecem fundamentais para o artista, a residir atualmente entre Pequim, Alemanha, Inglaterra e Portugal. É o que a peça agora apresentada, de 2021, confirma. Trata-se de um disco de mármore originário do Afeganistão a que o artista chamou Bi, evocandoas raízes culturais milenares do seu país. Com efeito, na cultura clássica chinesa Bi é um disco de jade utilizado em cerimónias rituais para refletir o céu. Nesta espécie de gesto de arqueologia cultural, o artista desloca o reflexo do céu para a profundidade da terra, onde os veios da pedra se formaram, assim trazendo à superfície a espessura do tempo da tradição e da geologia milenar.
Niek Te Wierik é um artista holandês há muito a viver em Portugal. Com trabalho abundante nas áreas do desenho e da pintura, o artista é um observador insaciável do meio natural que o envolve, e que depois fixa em minucioso processo de laboratório (da fotografia ao esboço, depois desenho e pintura). Nas pinturas que integram a exposição, a pedra é cor em forma de dólmen, e é sombra em forma de luz, cruzamento do horizonte milenar da pedra com a efemeridade das sombras dos olivais do Alentejo.
É precisamente uma reflexão sobre a efemeridade que nos traz o trabalho de Sara Leme, jovem artista em cujo percurso se cruzam a joalharia, a dança e a antropologia. Na exposição apresenta Room (2021), uma instalação com memória da história global recente: sobre uma tela, feita com máscaras cirúrgicas justapostas, a artista confronta-nos com imagens projetadas de montado alentejano, num plano quase sem movimento, com a ligeireza do vento animando a folhagem, como quem ensaia suspender o curso do tempo
Integrada na programação do 8º Congresso da Associação Portuguesa de Antropologia, a exposição interpela o tempo presente através das paisagens que somos, e convida-nos a uma viagem com a duração da poesia, entre a árvore e a sombra, entre a pedra e o horizonte.
5. Exposição Pablo Picasso – Os Jogos do Amor e da Morte - «A Suite Vollard» (1930-1937) no Museu da Guarda
Trata-se de uma série de cem gravuras com desenhos de Pablo Picasso (1881-1973) – que ficou conhecida como a «Suite Vollard», executada entre 1930 e 1937. Resultante de uma edição realizada pelo Museu da Cidade de Mülheim (Alemanha), em 1992, esta coleção de gravuras foi emprestada ao Museu da Guarda pelo Museo de Artes do Gravado a la Estampa Dixital, de Ribeira – A Coruña, dando assim continuidade a uma relação de estima e confiança entre as duas instituições. Com curadoria da equipa do Museu da Guarda, a mostra intitula-se Pablo Picasso – Os Jogos do Amor e da Morte – A Suite Vollard (1930-1937). Esta série de gravuras foi encomendada ao artista malaguenho pelo marchand d’art Ambroise Vollard (1866-1939) em 1933.