Quem é o artista Vhils?
Vhils cresceu no Seixal, um subúrbio industrializado do outro lado do rio de Lisboa, a capital de Portugal, e foi profundamente influenciado pelas transformações provocadas pelo intenso desenvolvimento urbano pelo qual o país passou nas décadas de 1980 e 1990. Alexandre Farto foi particularmente inspirado pela forma como as muralhas das cidades absorvem as mudanças sociais e históricas que ocorrem ao seu redor. Nos seus murais de grande escala e trabalhos menores em portas e painéis de madeira, Alexandre Farto, também conhecido como Vhils, combina a figuração detalhada com um processo material envolvido: rasga ou perfura, de forma a tornar as suas imagens (predominantemente retratos) inextricáveis do próprio material. Com esse processo subtrativo, Vhils une elementos da pintura e da escultura e reflete sobre como o ambiente construído absorve as mudanças e o desenvolvimento social. Vhils expôs em cidades de todo o mundo e produziu colaborações com várias instituições, incluindo a Fundação EDP em Lisboa, o Centre Pompidou, o Barbican Centre, o CAFA Art Museum e o Museum of Contemporary Art San Diego.
1.Compact Life - Lisboa, Portugal, 2006
A história de Alexandre Farto começa na rua aos 13 anos, contudo rapidamente passou para um espaço museologico quando aos 17 anos teve a sua primeira exposição com a galeria de arte Vera Cortês. Com a ideia de criar um negócio de agenciamento de artistas, principalmente jovens em ascensão surgiu em 2003, Vera Cortês Art Agency. O conceito correu bem o suficiente para apostar na abertura de uma galeria própria, em 2006. Com um grande optimismo Vera Cortês, nesta época de grande furor criativo acompanhou artistas – muitos deles na altura pouco conhecidos, como Alexandre Farto (Vhils), e Daniel Blaufuks, com foco na internacionalização da galeria. Vhils e a galerista Vera Cortês conheceram-se em 2004. Alexandre Farto afirmou: “Apostar num artista tão novo “foi um risco”. Na altura, Vhils estava à procura de uma galeria que “respeitasse o meu trabalho. Não queria estar a fazer telas”, recorda. Vera Cortês deu-lhe a oportunidade, em 2005, de fazer uma exposição pequena, arrancando com uma parceria que dura até hoje.
2.Scratching the Surface
Um dos conceitos fundamentais da obra de Vhils reside no ato de destruição enquanto força criativa, um conceito que trouxe do graffiti – um processo de trabalho através da remoção, decomposição ou destruição ligado à sobreposição de camadas históricas e culturais que nos compõem. Em 2008 participou no Cans Festival, em Londres, onde a sua inovadora técnica de escavação – que forma a base da série “Scratching the Surface” – foi exposta a um público internacional pela primeira vez, tendo sido aclamada pela crítica. Vhils afirmou: “Acredito que, de forma simbólica, se removermos algumas destas camadas, deixando outras expostas, podemos trazer ao de cima algo daquilo que deixámos para trás". Usa explosivos e martelos pneumáticos para esculpir e dar textura, técnica que tem vindo a desenvolver. Mas não só, também usa lixívia, produtos de limpeza, ácidos corrosivos e café juntamente com os tradicionais sprays, stencils e tintas.
3.Calçada (Portrait of Amália Rodrigues), 2015
Vhils ficou conhecido pelos rostos de desconhecidos mas também de figuras importantes para a história de Portugal. Exemplo disso, é a encomenda pública, uma peça única criada em calçada portuguesa que presta homenagem à falecida diva do Fado Amália Rodrigues (1920-1999). Localizada no centro da cidade de Lisboa, a peça intitulada “Calçada” é uma colaboração com a equipa de pavimentos da Câmara Municipal. Evocando o Fado – o género musical urbano português por excelência – e a cidade de Lisboa que Amália tão bem cantou, é também uma homenagem aos próprios pavilhões enquanto artistas urbanos mais antigos da cidade responsáveis pelo desenvolvimento de uma arte decorativa singular que se tornou A identidade visual de Portugal.
4.Portugal, Retrocesso ao Futuro, 2016
“Portugal, Retrocesso ao Futuro”, uma extensa instalação multidisciplinar de Vhils e ±MaisMenos±, aproveita a decadência poética das antigas instalações de uma serralharia no centro de Viseu para tecer uma reflexão marcante que parte da realidade de um resgate pós-financeiro de Portugal para refletir sobre a sua condição de refém das instituições internacionais e perda de autogoverno, sobre a incerteza que envolve o seu futuro, mas também sobre a sua relação com a Europa e o próprio futuro desta em um momento em que pressões internas conflitantes parecem tê-lo levado à beira do abismo, revivendo tensões históricas que se pensavam resolvidas e enterradas no conforto de um modelo abrangente e harmonioso. Uma reflexão que ganha atualidade na realidade pós-referendo britânico, que também explora temas como o ressurgimento do populismo, da divisão norte-sul, da xenofobia e da demagogia, da relativização das conquistas do modelo europeu que, apesar de tudo, de suas falhas, precisa ser reformado por dentro. Uma reflexão, em suma, sobre as possibilidades de futuro de Portugal e da Europa num momento histórico crítico.
5.Rupture
Vhils apresentou os seus trabalho em mais de 40 países em exposições individuais e coletivas, intervenções de arte site-specific e projetos em vários contextos – desde trabalhar com comunidades em Lisboa, Rio de Janeiro e Xangai até colaborações com instituições de arte como o Centre Pompidou (Paris ), Barbican Centre (Londres), CAFA Art Museum (Pequim), MAAT (Lisboa), Palais de Tokyo (Paris), Le Centquatre-Paris, (Paris), Victoria & Albert Museum (Londres), entre outros. Um ávido experimentalista, Vhils vem desenvolvendo sua estética pessoal numa pluralidade de meios, além da sua técnica de escultura: da pintura em estêncil à gravura em metal, de explosões pirotécnicas e vídeo a instalações escultóricas. Também dirigiu vários videoclipes, curtas-metragens e duas produções teatrais. Vhils esta presente analogicamente mas também no virtual, com alguns NFTs. O primeiro consistiu num vídeo que capturava o momento exato em que os explosivos que o artista português usa no seu trabalho – destruíam em forma de criação. O vídeo foi filmado através de slow motion avançado, incluindo 2000 frames por segundo, o que oferece uma experiência e perspetiva única sobre o processo de criação único de Alexandre Farto. “Rupture” faz parte da META_VS: A CRYPTO ART EXPERIENCE IN 3 METAVERSES, uma ação da BEYOND THE STREETS que visou promover a comunidade artística no blockchain através de exposições, lançamentos de peças, colaborações exclusivas de artistas e conversas no ClubHouse e YouTube. Vhils tem vindo a usar de tudo, desde bisturís e cinzéis a brocas, britadeiras e até explosivos para destruir paredes em ruínas, revelando rostos realistas de moradores locais e muitas vezes marginalizados. Agora o artista passou esta mensagem para os NTFS, sendo a primeira experiência em Portugal com estes criptoativos.