Quem é Menchu Gal?
Carmen Gal Orendain (1919 - 2008), mais conhecida como Menchu Gal, foi uma pintora espanhola do País Basco, que ficou conhecida pelas suas obras, de paisagens e retratos, repletos de cores vivas. Em 1959, tornou-se a primeira mulher a receber o Prémio Nacional de Pintura da Espanha. Menchu Gal foi imprescindível para a renovação da pintura espanhola do pós-guerra e, valorizada e reconhecida, desde a juventude, no difícil mundo da pintura.
Percurso artístico de Menchu Gal
Carmen Gal Orendain nasceu num meio familiar com possibilidades e culto, tendo sido incentivada desde nova a pintar. Aos sete anos começou a ter aulas de desenho com o pintor Gaspar Montes Iturrioz (1901–1998) e aos 13 anos foi selecionada para a IX Exposição de Novos Artistas Guipuzcoanos, que realizou-se no Casino del Kursaal da cidade basca de San Sebastián. Em 1932,com apenas 15 anos, foi para Paris e matriculou-se na academia do pintor cubista Amédée Ozenfant. Após ter passado um ano no meio parisiense, no qual tinha possibilidade de visitar muitas exposições de mestres impressionistas e fauvistas, Menchu Gal ficou profundamente interessada no trabalho de Henri Matisse.
Em 1934 chegou a Madrid e ingressou na Academia de Belas Artes de San Fernando, onde lecionavam Aurelio Arteta e Daniel Vázquez Díaz. Também recebeu aulas particulares de Marisa Roësset Velasco e morou na Residência para Raparigas governada pela educadora e feminista María de Maeztu. Com a eclosão da Guerra Civil Espanhola (1936–1939), Menchu Gal voltou para a França, com a sua família. Em 1943 regressou a Madrid onde Gutiérrez Solana a colocou em contacto com Benjamín Palencia, Francisco San José, Rafael Zabaleta e Juan Manuel Díaz Caneja, um círculo de artistas paisagistas com pinturas dominadas por cores e luzes vivas. Na última fase da sua vida, viveu no País Basco e promoveu o apoio às novas gerações de pintores bascos. Faleceu em San Sebastián em 12 de março de 2008 aos 89 anos. Dois anos depois, em janeiro de 2010, foi inaugurado o Salão de Exposições Menchu Gal em Irún, onde foram expostas obras adquiridas, em 2007.
A paisagem na obra de Menchu Gal
A partir da década de 1960, a paisagem passou a ser o único foco da sua prática, revelando-se o terreno ideal para sua experimentação formal. A partir deste momento, a artista deu menor importância a outros géneros que cultivou ao longo da sua carreira, como a natureza morta e o retrato. Para as suas paisagens, Menchu Gal usou principalmente tintas a óleo, mas também aguarelas e gravuras. A década de 1970, deu-se o momento de reconhecimento artístico, quando a sua pintura caminha para uma maior gestualidade e abstração.
Exposições e retrospectivas
Durante os seus 77 anos como artista, Menchu Gal participou em 70 exposições individuais e 232 exposições coletivas. Em 1942, teve sua primeira exposição individual em San Sebastián e em 1950 teve uma exposição individual no Museu Nacional de Arte Moderna de Madrid. As paisagens do planalto castelhano tornaram-se a marca do seu trabalho, mas Menchu Gal também produziu retratos e naturezas-mortas, tudo em cores vivas. Das suas inúmeras exposições destacam-se: Paisagem na pintura espanhola contemporânea, apresentada pela Fundação Gulbenkian em Lisboa (1971); A mulher na arte espanhola, no centro cultural Conde-Duque, e A Escola de Vallecas e um novo olhar sobre a paisagem, ambos em 1990. Em 1940, 1950 e 1956, foi escolhida para representar a Espanha na Bienal de Veneza. Em 1986, o Museu de San Telmo, no País Basco, organizou a sua primeira exposição antológica. As suas obras estão expostas nas coleções do Museu de Belas Artes de Bilbao e do Museu Reina Sofía de Madrid. Em 2019 o seu trabalho integrou a exposição coletiva Drajantas, Pioneiros da Ilustração no Museu de Desenho e Ilustração do ABC em Madrid.