“Napoleão” (2023), de Ridley Scott, a sua última longa-metragem - que foi considerada a “melhor desde Gladiador” - foi lançado esta semana nas salas.
O filme inclui uma das maiores teorias da conspiração da história da arte: que Napoleão Bonaparte, o primeiro e mais famoso imperador da França, fez com que as suas tropas disparassem canhões contra a Grande Pirâmide de Gizé durante a sua campanha egípcia em 1798, despedaçando o nariz da Grande Esfinge no processo.
Mas o imperador francês realmente danificou o nariz da Grande Esfinge? A TIME conversou com o historiador Michael Broers, que prestou consultoria no filme, que comentou que Scott sabia que “nada disso aconteceu”. O diretor decidiu manter a cena em que o topo da Grande Pirâmide foi atingido, depois de fazer Broers rir. Numa entrevista ao “Times”, o próprio Ridley Scott descreveu a cena como “uma forma rápida de dizer que Napoleão tomou o Egipto”. A Grande Pirâmide e a Esfinge de Gizé são imagens icónicas do Egipto, com evidências arqueológicas que colocam a construção da Esfinge em 2.500 a.C., enquanto a Grande Pirâmide é a única maravilha remanescente do mundo antigo.
No entanto, não foram os tiros de canhão de Napoleão que danificaram a face desta estrutura colossal. Nos desenhos feitos pelo explorador dinamarquês Frederic Louis Norden em 1737 e exibidos em 1744, a Esfinge já havia perdido o nariz pelo menos 60 anos antes da invasão de Napoleão. O historiador Bassam el-Shamaa também confirmou que a história não passava de um mito no seu livro de 2009, “Hokam Misr El-Qadema” (Governantes do Antigo Egipto), visto que a batalha de Napoleão realmente ocorreu no bairro de Imbaba, a cerca de quatro horas de distância a pé do complexo da Pirâmide.
As principais teorias para explicar a perda do nariz da Esfinge são os ataques iconoclastas que ocorreram entre o século X e o início do século XVIII, ou a erosão natural progressiva dos elementos ao longo dos cinco milénios de vida da estátua de calcário. Acredita-se que a teoria da conspiração napoleónica tenha surgido por volta do início do século XX.
Fonte: Artnet News