Herbert W. Franke, pioneiro na arte digital, cientista e escritor, faleceu na semana passada aos 95 anos. Durante o curso da sua vida, Franke testemunhou enormes mudanças na tecnologia e usou a sua arte para refletir e registrar essas mudanças. Na década de 1970, usou a tecnologia disponível no laboratório de pesquisa da Siemens na Alemanha para fazer as primeiras animações de computador usando sistemas 3D interativos. Décadas depois, começou a usar a tecnologia blockchain para fazer NFTs.
Ao longo da sua vida teve uma grande variedade de interesses, sendo que a sua prática foi sempre evoluído com a tecnologia. Deixou um legado rico e importante no campo da arte digital, principalmente quando se trata de arte generativa. Para Herbert W. Franke, a arte foi uma forma de ver a beleza da matemática, e a matemática foi uma forma de fazer arte. A sua primeira série “Dance of the Electrons” (1959/62), foi criada com um computador analógico e um oscilógrafo de raios catódicos que converteu sinais electrónicos em imagens, produzindo gráficos fantasmagóricos em escala de cinza. Em 1970, usou um computador Siemens recém-desenvolvido, o 4004, para criar a série “DRAKULA” (1970-71), que utilizou a teoria matemática das curvas de dragão para criar variações num padrão fractal. Herbert W. Franke nasceu em 1927, em Viena. O seu interesse pela ciência, particular pela química, foi incentivado pelo seu pai que também era engenheiro eléctrico. O amor pela arte surgiu aos nove anos, após ter recebido a primeira câmara fotográfica. Depois da Segunda Guerra Mundial, Herbert W. Franke tirou algum tempo para fotografar cavernas austríacas, permanecendo fascinado com cavernas para o resto da sua vida.
Em 1950, obteve o doutoramento em física pela Universidade de Viena. Como estudante, desenvolveu uma ampla gama de interesses e projetos e começou a escrever ficção científica. Foi também nessa época que desenvolveu o seu interesse de criar arte com tecnologias emergentes. Em 1956, construiu com o seu amigo Franz Raimann, um computador analógico, o qual usou para criar a sua primeira obra de arte. Franke publicou livros sobre a intersecção entre arte e ciência como Arte e Construção – Matemática e Física (ca. 1950) e Computação gráfica, arte computacional (1971). Como professor na Universidade de Munique, ministrou uma aula chamada “Estética Cibernética”, a qual descreveu como uma “teoria racional da arte, na qual não havia lugar para o mito do artista” numa entrevista ao Brooklyn Rail.
Em 1979, tornou-se co-fundador da Ars Electronica, um instituto de pesquisa interdisciplinar para arte criada através de tecnologia, que hospeda um festival anual de tecnologia e artes. Ainda este ano, apresentou a sua obra MONDRIAN (1979), um programa que desenvolveu para a Texas Instruments que cria composições de caixa e linhas coloridas que refletem as pinturas abstratas de Piet Mondrian, na Art Basel. Em 2017, o ZKM Center for Art and Media em Karlsruhe, Alemanha, adquiriu o arquivo de Franke, que contém esboços, correspondência e uma variedade de outros documentos que refletem as suas paixões como escritor de ficção científica, artista de computador e espeleólogo dedicado. No início deste ano, o trabalho de Franke foi objeto de uma retrospectiva no Francisco Carolinum em Linz, na Áustria.