Paisagens Portuguesas
A representação da paisagem, ou seja do território observado, é uma constante ao longo da história da arte, sendo a sua relevância notável por contar a história e memória dos espaços. Sem nunca esquecer as suas origens, muitos artistas têm vindo a representar nas suas pinturas as tradições portuguesas, influenciados pelos impressionistas e os naturalistas como Silva Porto e Carlos Reis, entre outros. De forma particular e harmoniosa, estes artistas têm construído um caminho de norte a sul, sobre a beleza das paisagens portuguesas, sejam estas citadinas ou rurais. Viaje, sem sair de casa, pelos caminhos de Portugal, a partir das obras deste setes artistas e descubra as particularidades dos espaços representados.
Graça Morais
Numa relação entre o corpo, o pensamento e a vivência, Graça Morais cria obras que transmitem ao espectador a sua memória do mundo rural, da aldeia de Vieiro em Trás-os-Montes, onde nasceu e cresceu. A artista pinta com traços fortes os rostos de uma aldeia, as histórias do povo português, os seus costumes, o modo de trabalhar e o poder da maternidade. Assim, oferece-nos uma visão muito pessoal das características do povo português, através das roupas e das atividades retratadas como a caça.
Júlio Capela
A paisagem é uma constante na obra de Júlio Capela, sendo possível encontrar peças de vários locais portugueses. Neste caso iremos analisar uma das várias representações criadas pelo artista sobre o Porto. Atento às características da cidade, Júlio Capela a retrata com atenção os edifícios e a ria, de forma bastante particular devido aos tons utilizados e aos contrastes de luz e sombra. É realmente com a sua paleta de cores que a cidade se transforma e se torna única. De acrílico à aguarela passando pelo grafite, Júlio Capela é um artista que se aventura para obter um retrato notável desde da ribeira do Porto às planícies alentejanas.
Ernani Oliveira
O distrito de Aveiro, particularmente a Costa Nova, tem sido o foco das representações de Ernani Oliveira. Nas suas obras o artista oferece-nos a sua visão da famosa marginal onde se alinham os palheira de madeiras, pintados às riscas de várias cores alternadas com branco. Estas casas que outrora serviram de abrigo e armazenamento aos pescadores, atualmente tornaram-se casas de férias. As obras de Ernani Oliveira tornam-se singulares devido a vários factores, tal como a constante ligação à geometria e a escolha de cores fortes e vivas. Uma nova dimensão e visão da Costa Nova é estabelecida, através do olhar atento e da perspicácia artística deste artista.
António Neves
Entre as montanhas, rios, pontes e espaços arquitetónicos, António Neves concebe uma imagem das cidades através da técnica da aguarela. Nesta obra é representado um dos mais importantes edifícios religiosos de Portugal, a igreja de Santa Cruz em Coimbra. Fundada pelo primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, este antigo mosteiro masculino de origem românica, adquiriu ao longo do tempo ornamentos de outros movimentos artísticos. Este é o caso da fachada retratada na pintura de António Neves, intervencionada no início do século XVI, numa colaboração entre Diogo Pires, o Moço, Nicolau de Chanterene, João de Ruão e João de Castilho. Na tela António Neves explora intensamente os pigmentos oferecendo ao espectador uma visão calorosa e dinâmica da cidade dos estudantes.
Jean Christophe Espieux
As ruas da capital portuguesa contam histórias de vida, entrelaçadas com a arte. Jean Christophe Espieux capta os recantos da autenticidade, vida e beleza singular das pequenas ruas desta grande cidade. A partir das cores e texturas, o artista consegue captar por completo a essência das escadas, das fachadas das casas e até as atividades dos cidadãos. Uma paisagem citadina repleta de detalhes que aproxima o espectador do espaço retratado, oferecendo praticamente os cheiros, os sons e os paladares da grande Lisboa.
Molina
A beleza da arquitetura portuguesa em Faro é espelhada na obra de Molina, de forma elegante e geométrica. Numa só peça o artista demonstra a história das cruzadas portuguesas e a arquitetura de linhas puras e limpas frequentes no sul de Portugal. Assim, acaba por ser criada uma cronologia, desde da permanência moçárabe nesta cidade, a partir da herança cultural das antigas estruturas fortificadas até à atualidade com as casas típicas com fachadas brancas, ornamentos com formas geométricas e cores coloridas em volta das portas e janelas.
Mota Urgeiro
A beleza e tranquilidade das paisagens naturais e das atividades rurais são o foco das obras de Mota Urgeiro. Sem nunca esquecer as suas origens, o artista português pinta as paisagens singelas das várias cidades de Portugal, demonstrando as suas particularidades de forma sossegada e harmoniosa. Nesta obra é retratada a vista de Funchal com uma pigmentação forte e garrida que valida o ambiente acolhedor e quente desta cidade. Denota-se nas suas obras a intensa influência dos pintores impressionistas e naturalistas pela intensidade da camada de tinta na tela.