'My Bodily Remains', filme realizado por uma das mais influentes artistas do Reino Unido, vencedora de um Prémio Turner, é apresentado na Fundação Gulbenkian no dia 8 de fevereiro, numa colaboração entre o CAM e a POR.TA - Associação para Promoção de Artes e da Cultura.
Após a projeção de 'My Bodily Remains' no Auditório 3, segue-se uma conversa entre Tai Shani e Bianca Chu, a artista, investigadora e membro do conselho consultivo da POR:TA.
Para este filme, realizado em 2023, Tai Shani inspirou-se em obras clássicas da literatura, como 'Destruir, Diz Ela', de Marguerite Duras, em textos académicos de Jackie Wang, entre outros, e em obras de cineastas como Jacques Rivette. Tai Shani constrói uma série surpreendente de tableaux fílmicos fantásticos inspirados em vários géneros, desde o terror até às fantasias oníricas em tecnicolor.
O resultado é uma meditação poética sobre movimentos e grupos históricos de resistência, o anti-supremacismo, o comunismo e o pensamento revolucionário.
Sobre esta sua primeira apresentação em Portugal, Tai Shani diz estar “muito feliz” por esta estreia e por ela se dar na Fundação Gulbenkian. “A Gulbenkian foi o primeiro espaço cultural que visitei quando conheci a cidade e é um espaço a que gosto sempre de regressar”.
Sobre a sua relação com Lisboa, Tai Shani revela que “sente a cidade como uma segunda casa”, onde regressa frequentemente para visitar a mãe que vive em Portugal. Outro razão que a liga ao país prende-se com uma visita que fez ao Museu do Aljube Resistência e Liberdade, durante a qual incorporou algumas ideias que se repercutiram no seu trabalho. Durante essa visita percebeu “que as causas e as lutas dos movimentos revolucionários em Portugal eram as mesmas nos vários territórios oprimidos por ditaduras fascistas e que estes movimentos operavam em rede internacional e não isoladamente”.
A visita ao Museu do Aljube deu-lhe também uma noção muito precisa ”sobre a luta individual de cada resistente, as suas histórias pessoais de sacrifício e dedicação total da sua vida a uma causa maior”. Considera que estas histórias “não são geralmente transmitidas e ensinadas porque são muito poderosas, são uma arma que os governantes não querem que o povo tenha”.
A obra conta com animações digitais de Adam Sinclair e banda sonora original de Maxwell Sterling, ambos colaboradores de longa data da artista, e também de Richard Fearless, membro da banda musical Death in Vegas.
O filme 'My Bodily Remains' foi co-comissionado pela POR:TA, Art Night, CCA Cincinnati e KM21. A entrada é gratuita mediante levantamento de bilhete no próprio dia.
Sobre Tai Shani e Bianca Chu
Tai Shani nasceu em Londres. A sua prática artística inclui performance, cinema, fotografia e instalação. Usa a escrita experimental como método orientador. Entre conceitos teóricos e detalhes viscerais, os textos de Shani tentam criar coordenadas poéticas para cultivar cosmologias de não-soberania marginalizada. Tai Shani venceu o Prémio Turner 2019, juntamente com Lawrence Abu Hamdan, Helen Cammock e Oscar Murillo. O seu trabalho tem sido amplamente exibido na Grã-Bretanha e internacionalmente.
Bianca Chu nasceu em Nova Iorque e vive entre Londres e Lisboa. É artista, escritora, investigadora e antropóloga de arte. É conselheira estratégica e representante do Turnbull Studio, faz parte do conselho consultivo da Associação Cultural POR.TA, e foi copresidente da Tate Young Patrons, em Londres (2020-2023). Bianca publicou na revista Umbigo, e contribuiu com um novo capítulo sobre Kim Lim no catálogo da exposição da artista, publicado pela Hepworth Wakefield e Lund Humphries.
Fonte: Fundação Calouste Gulbenkian