Em Janeiro a Underdogs abre as portas a duas exposições que abordam temáticas contemporâneas ligadas à complexidade da condição humana. No espaço principal da Galeria, o colectivo português Halfstudio explora o conceito de jornada na sua dimensão enquanto processo de concretização. No espaço Cápsula, o artista suíço Tobias Gutmann propõe uma experiência que desafia a auto-percepção e questiona a nossa relação com a tecnologia e a inteligência artificial.
Sexta-feira dia 20 de Janeiro a Underdogs inaugura A Journey, a segunda mostra individual dos Halfstudio na Galeria.
Depois da primeira exposição da dupla composta por Mariana Branco e Emanuel Barreira no espaço Cápsula em 2021, esta apresentação de obras inéditas vem ocupar o espaço principal da Galeria em Marvila, contando também com o lançamento de uma edição limitada. Paralelamente, os Halfstudio está também a desenvolver uma instalação de arte pública em grande escala na freguesia de Moscavide e Portela, a inaugurar no final de Janeiro. Por sua vez, o espaço Cápsula vai receber “I can do that too!” says the AI, a primeira mostra individual do artista Tobias Gutmann em Portugal, que nos traz um olhar provocador e vanguardista sobre a percepção que temos de nós mesmos, a arte e a relação com a inteligência artificial.
HALFSTUDIO
Para a exposição A Journey a dupla de artistas apodera-se do espaço principal da Galeria Underdogs, transformando-o num percurso que nos remete para as diferentes etapas de uma viagem. Através de um mapeamento demarcado em vinil no chão, indica uma trajectória que ilustra as fases por que passamos para chegar à concretização de uma ideia, de um sonho ou de uma transformação, abarcando tanto uma dimensão pessoal como universal. Este percurso é pontuado por peças únicas que espelham a linguagem visual e criativa característica deste colectivo, usando letras volumétricas e layouts dinâmicos com cores vibrantes e mensagens impactantes que nos revelam a natureza e o tom das diferentes fases da jornada. Desta forma, convidam os visitantes a experienciar, viver e reviver sentimentos, emoções e estados de espírito, mergulhando-os numa viagem que é tão individual quanto colectiva; que remete tanto para a introspecção como para a comunhão.
TOBIAS GUTMANN
Em “I can do that too!” says the AI, o artista suiço Tobias Gutmann dá a conhecer ao público o Sai Bot: um robot de inteligência artificial que produz retratos em tempo real, tendo como base os milhares de desenhos que o artista tem criado desde 2012 no âmbito do seu projecto Face-o-mat. A partir destes dados, o Sai Bot assimila e aprende a linguagem formal e o repertório dos retratos, passando então a criar as suas próprias combinações. Os retratos produzidos representam as peças da exposição, e o processo de criação de cada um é experiencial e íntimo. O visitante que desejar ser desenhado pelo Sai Bot senta-se à sua frente e entra numa interacção pessoal com o robot, que fala, fazendo perguntas enquanto processa traços e características, interpretando-os de forma abstracta. O resultado é subtil, minimal e único. Tendo já passado por instituições como o Centre Pompidou em Paris, o Museu Haus Konstruktiv em Zurique e o MUDAM no Luxemburgo, através do Sai Bot Tobias Gutmann questiona se uma inteligência artificial consegue produzir de forma independente algo completamente novo, e quais as possíveis consequências desta eventualidade.
Relevante e actual, “I can do that too!” says the AI entra num território controverso, deixando-nos com uma questão fundamental: será que o que o homem faz de forma intuitiva, a máquina faz de forma automática? A resposta encontra-se na experiência de cada um. O software de IA do Sai Bot é desenvolvido pela Dazlus.