Joan Miró
Considerado um dos principais surrealistas, Joan Miró foi um pioneiro no método de desenho espontâneo que tentava expressar o funcionamento interno da mente humana. As suas obras eram repletas de cor e forma e elementos abstratos como pássaros, olhos e a lua. Atualmente, as obras de Miró batem recordes em leilão, exemplo disso, foi a pintura “Mulher de Chapéu Vermelho” que foi vendida na Sotheby’s por cerca de 24,5 milhões de euros. Além disso, as suas esculturas e murais públicos encontram-se em diversas cidades do mundo, incluindo Milão, Paris e Barcelona. É possível também ver as suas peças nas coleções de várias instituições no mundo, como no Instituto de Arte de Chicago e no Museu de Arte Moderna, entre outras.
Quem foi Joan Miró?
O pintor surrealista Joan Miró nasceu em Barcelona, em 1893. Desde cedo demonstrou interesse nas artes plásticas, pois com sete anos de idade já frequentava aulas de pintura. No início da sua carreira foi influenciado por movimentos como o fauvismo e o dadaísmo, criando pinturas de paisagens com intensas pinceladas, retratos e naturezas mortas. Exemplo disso, é a obra “Retrato de Enric Cristòfol Ricart” (1917) onde se denota as influências de Van Gogh, Rousseau e Pablo Picasso.
“Retrato de Enric Cristòfol Ricart” (1917)
Contudo, após a primeira exposição em 1918, as suas composições tornaram-se cada vez mais diretas e claras com um maior interesse na linha, forma e estrutura. Em 1920, visitou Paris, onde conviveu com os vanguardistas que o inspiraram em representações semi-realistas e semi-cubistas, como podemos analisar na pintura “The Farm” (1921). Continuou a pintar meticulosamente os objetos, enquanto que planeava o espaço linear da composição com formas geométricas e alongamento de pigmentos.
"The Farm" (1921)
Joan Miró e Surrealismo
Em 1924, o poeta francês André Breton escreveu o Manifesto do Surrealismo, cimentando assim um dos movimentos mais importantes do século XX. Neste manifesto, o poeta reivindicou alguns dos principais artistas de vanguarda do período, incluindo o nome de Joan Miró. Entre 1924 e 1927, enquanto dividia o estúdio com André Masson e Max Ernst, criou uma série de obras que apelidou de pintura-poesia, que consistiam em palavras e manchas de tinta, como na pintura “Le corps de ma brune…” (1925).
“Le corps de ma brune…” (1925)
A Guerra
No clima perigoso e catastrófico da Segunda Guerra Mundial, Joan Miró criou as Constelações, uma série de vinte e três guaches em papel, que se distinguem pelo seu vocabulário visual distinto sobre o cósmico e o terrestre. Sobre esta série o artista referiu:
"I had always enjoyed looking out of the windows at night and seeing the sky and the stars and the moon, but now we weren't allowed to do this any more, so I painted the windows blue and I took my brushes and paint, and that was the beginning of the Constellations."
Estas pinturas com formas que se movem num cenário esfumado, estabelecem uma relação com os pássaros que voam sobre os bombardeamentos durante a guerra. Na complexidade destas obras é expressa o desejo do artista de fugir e escapar dos horrores da guerra.
"O belo pássaro decifrando o desconhecido a um casal de amantes" (1941)
Carreira internacional
Após a guerra, estabeleceu-se temporariamente em Maiorca e conseguiu o reconhecimento internacional ao continuar a experimentar novos meios de produção, que chegaram ao grande público como cerâmica, gravura, ilustração de livro e escultura. Em 1954, ganhou o Grande Prêmio de Gravura da Bienal de Veneza e em 1964, foi criada em sua homenagem, a Fundação Maeght, em Saint-Paul-de-Vence.
Em 1977, pintou “O Jardim”, obra onde encontramos várias espécies de pássaros e flores surrealistas com um céu azul ao fundo e uma estrela acima das aves. A partir destas figuras intensamente coloridas que surgem de um mundo de fantasia identificam-se praticamente todas as características presentes em todas as suas obras. No final da sua vida, as suas obras começaram a ser reduzidas a elementos como os pontos e as linhas, e passando a usar basicamente o branco e o preto. Até à data de sua morte, no dia 25 de dezembro de 1983, Joan Miró trabalhou exaustivamente. Descubra as obras do fantástico Joan Miró na P55.
“O Jardim” (1977)