Alice Jorge (1924-2008) foi uma artista visual portuguesa com uma influência significativa no cenário artístico nacional e internacional. Ao longo da sua vida, Alice Jorge explorou uma ampla gama de formas artísticas, incluindo gravuras, pinturas, desenhos, cerâmica, azulejos e tapeçaria. A sua obra inclui ilustrações originais para livros como "In Memoriam Memoriae", de David Mourão-Ferreira, e "Cinco Réis de Gente", de Aquilino Ribeiro, além de edições especiais de obras clássicas como "Divina Comédia", "Mil e Uma
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Alice Jorge (1924-2008) foi uma artista visual portuguesa com uma influência significativa no cenário artístico nacional e internacional. Ao longo da sua vida, Alice Jorge explorou uma ampla gama de formas artísticas, incluindo gravuras, pinturas, desenhos, cerâmica, azulejos e tapeçaria. A sua obra inclui ilustrações originais para livros como "In Memoriam Memoriae", de David Mourão-Ferreira, e "Cinco Réis de Gente", de Aquilino Ribeiro, além de edições especiais de obras clássicas como "Divina Comédia", "Mil e Uma Noites" e "Decameron". Uma parte fundamental da sua contribuição artística foi a sua participação ativa na fundação da Cooperativa Gravura, onde actuou como membro da Direção de 1956 a 1968. Além disso, fez parte do Conselho Técnico da Sociedade Nacional de Belas Artes de 1980 a 1984. A sua obra está presente em coleções e instituições renomadas, tanto em Portugal quanto internacionalmente, como no Museu Nacional de Arte Contemporânea, Secretaria de Estado da Cultura, Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Centro Cultural Gulbenkian em Paris, Biblioteca Nacional de Paris e Museu de Luanda. Alice Jorge enfrentou uma época marcada por grande agitação política e social em Portugal, onde a sua produção artística multifacetada refletia uma proximidade notável com a realidade circundante. Através da gravura, registou cenas do quotidiano, do trabalho e do universo feminino, mantendo uma serenidade aparente que escondia o seu caráter contestador e denunciante, vinculado à corrente neo-realista. O seu percurso artístico foi marcado por um embate entre a sua orientação académica e a sua busca por expressividade, rapidez de execução e libertação do traço. Ao longo dos anos, Alice Jorge desenvolveu uma técnica gráfica marcada pela afinidade com o Desenho, mantendo a característica do apontamento aliada à espontaneidade do traço. Além da sua carreira artística, envolveu-se na educação, ensinando Gravura, Pintura e Desenho. A sua trajetória foi permeada por momentos de afastamento do ensino oficial por questões políticas, mas foi reintegrada em 1974. Alice Jorge é reconhecida como uma das personalidades importantes no movimento de renovação da Gravura portuguesa dos anos 50, mantendo um compromisso com a arte contemporânea e moderna ao longo da sua vida, tornando-se uma referência no fazer artístico e expressivo do seu tempo.