Introduzindo nas suas obras elementos expressivos, profundos e ambíguos, Paula Rego (1935-2022) ganhou o reconhecimento como uma das maiores artistas do nosso tempo, a nível nacional e internacional. Do abstracionismo ao conceptualismo, as suas peças inserem-se num campo figurativo próprio: «o belo grotesco». Em composições surreais com uma crueldade - tanto subtil quanto explícita - a artista portuguesa demonstrou o seu próprio imaginário, a brutalidade dos contos populares portugueses, as relações familiares disfuncionais, os sistemas políticos e estruturas sociais. As mulheres e meninas são colocadas em primeiro plano, e muitas vezes os animais substituem os humanos. Entre a vida e a arte, Paula Rego demonstrou as suas preocupações e convicções, é exemplo disso, a produção da série intitulada «Aborto» por concordar com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez. Gosta das obras de arte de Paula Rego? Conheça 5 artistas, com similaridades em termos artísticos e temáticos com a fabulosa artista portuguesa.
1.Jenny Saville
Nas suas representações da forma humana, Jenny Saville transcende os limites da figuração clássica e da abstração moderna. Integrante nos Young British Artists (YBAs), grupo de pintores e escultores que ganhou destaque no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, Saville revigorou na pintura figurativa contemporânea ao desafiar os limites do género e levantar questões sobre a percepção da sociedade sobre o corpo e seu potencial. O seu trabalho revela uma profunda consciência, tanto intelectual quanto sensorial, de como o corpo foi representado ao longo do tempo e através das culturas - da escultura antiga e hindu, ao desenho e pintura renascentista, ao trabalho de artistas modernos como Henri Matisse, Willem de Kooning e Pablo Picasso. Jenny Artistas como Jenny Saville que desafiam as representações tradicionais do corpo feminino são particularmente gratos a Paula Rego.
2.Lucian Freud
Lucian Michael Freud foi um artista britânico, conhecido pelos seus retratos e obras figurativas. Inicialmente foi influenciado pelo surrealismo, mas no início da década de 1950 as suas pinturas tendiam mais para o realismo. Nesta altura, Freud executava as suas peças de arte a partir de estudos de vida. Nas suas pinturas geralmente sombrias, retratou principalmente amigos e familiares, em interiores inquietantes e paisagens urbanas. As obras ficaram conhecidas pela penetração psicológica e exames muitas vezes desconfortável da relação entre artista e modelo. Tal como Paula Rego, pintava o que lhe era familiar e próximo de uma forma grotesca e inquietante.
3.Graça Morais
Como a oliveira está ligada ao território nacional, Graça Morais encontra-se imensamente mergulhada na atmosfera e na mitologia rural portuguesa, mais propriamente a Trás-os- Montes, no extremo Nordeste de Portugal. Divide o seu tempo entre os estúdios de Lisboa e Vieiro-Freixiel, aldeia do norte de Portugal onde nasceu em 1948. Neste local foram alimentadas as ideias e imagens que vemos representadas nas suas obras, desde cães, gatos e cabras, até à violência dos homens e a crueldade da natureza. De forma crua e natural, Graça Morais, tal como Paula Rego exprime o outro lado das suas origens, dando assim a conhecer o ser Humano, as suas capacidades e histórias. O dia a dia é a temática principal na obra da artista, assim tornou-se fundamental representar as atividades das pessoas à sua volta concretizam, desde o registo da roupa, ao cabelo, passando pela própria relação que os indivíduos têm com a terra. Graça Morais é uma das mais notáveis artistas plásticas portuguesas da atualidade. Além da pintura, criou ilustrações para livros e painéis de azulejos em vários edifícios como o Edifício da Caixa Geral de Depósitos em Lisboa, a Estação de Bielorrússia do Metropolitano de Moscovo, entre outros. Em 1983, representou Portugal na XVII Bienal de São Paulo e em 2008, foi inaugurado o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais (CACGM) em Bragança, da autoria do arquitecto Souto Moura, que dispõe um núcleo de várias salas dedicadas à obra da pintora.
4.Kara Walker
Kara Walker é uma das mais complexas e prolíficas artistas americanas da sua geração. Ganhou reconhecimento nacional e internacional pelas suas silhuetas de papel recortado retratando narrativas históricas assombradas pela sexualidade, violência e subjugação. Kara Walker também usou desenhos, pinturas, textos, marionetes de sombras, filmes e esculturas para expor a contínua lesão psicológica causada pelo trágico legado da escravidão. O seu trabalho propõe um exame dos estereótipos raciais e de género contemporâneos e compreensão crítica do passado. As semelhanças entre as duas artistas são obvias, seja pela utilização das histórias e narração nas suas obras mas também pela figuração e critica à sociedade.
5.Júlio Pomar
Júlio Pomar foi um dos artistas com maior impacto nas artes portuguesas do século XX, desde do início do seu percurso. Empenhado nos problemas sociais, começou no movimento artístico neo-realismo, que retomou a atitude estética e social do realismo do século XIX, demonstrando simultaneamente as novas preocupações do século XX. Durante sete décadas conseguiu reinventar-se constantemente, seja nas técnicas e meios utilizados como nos movimentos artísticos. Entre os pintores modernos portugueses, Júlio Pomar é um dos poucos — como Paula Rego — cuja figuração, não só humana, é o tema principal. Muitos foram os animais retratados por Júlio Pomar: o porco, o macaco, o tigre, o corvo, o elefante, a girafa, o veado, a tartaruga, o touro, o gato, o cavalo, o cão, o lobo, a cabra e o bode, a gaivota e a mosca. A humanização dos seres, com representações de animais agindo como seres humanos, tornou-se mais comum nas obras de arte do século XX, com artistas como Marc Chagall, Paula Rego, Júlio Pomar, entre outros.