Quais exposições devo visitar durante o mês de novembro?
Algumas das exposições mais esperadas estão aqui. Com novos trabalhos de criadores em ascensão aos fascinantes artistas do século XX, recomendamos cinco exposições nacionais que merecem uma visita com olhos de lince, atentos ao mais pequeno detalhe.
1. Cindy Sherman: Metamorfoses em Serralves até 16 ABR 2023
Cindy Sherman: Metamorfoses apresenta uma série de obras que atravessam a carreira da artista desde o seu início até às obras mais recentes. A exposição foi organizada em diálogo com a artista e em parceria com o The Broad Art Foundation, Los Angeles, uma instituição que coleciona exaustivamente o trabalho de Sherman há mais de trinta anos. Sobretudo conhecida por imagens em que se retrata como modelo da sua própria obra, encarnando o papel de estereótipos femininos convencionados pelos média num vasto leque de personagens e ambientes, Cindy Sherman fotografa sozinha no seu estúdio, atuando como diretora artística, fotógrafa, maquilhadora, cabeleireira e intérprete do papel a desempenhar. A prática do retrato que iniciou há décadas é responsável por algumas das mais marcantes e influentes imagens da arte contemporânea. Para esta ambiciosa apresentação em Serralves, as salas do museu sofrerão uma radical transformação, criando um cenário teatral para acolher o storyboard que as fotografias da artista compõem. A mostra incluirá também um trabalho inédito, especialmente concebido para o Museu de Serralves: um extenso mural fotográfico, que dará à exposição uma singularidade adicional.
2. Exposição TYPE + DRAFTS + IDEAS em Vaga — Espaço de Arte e Conhecimento até 26 NOV 2022
Krot & Krass são Björn Loki e Elsa Jónsdóttir. A dupla islandesa tornou-se conhecida pelo seu trabalho experimental baseado em texto explorando a linguagem: tipografia, palavras, e alusões. Refletem sobre a leitura num sentido mais amplo e analisam a capacidade de partilhar ideias e experiências complexas através de códigos visuais estratificados, padronizados e marcados em múltiplas superfícies. A exposição TYPE + DRAFTS + IDEAS é uma introdução à prática da Krot & Krass. Concebida como uma instalação, apresenta várias experiências de tipo, baseadas na sua pesquisa sobre a história gráfica da Islândia-desde grandes murais a gravuras. O seu principal tema de investigação tem sido Höfdaletur, o único tipo de letra original islandês, que remonta ao século XVI e era tradicionalmente utilizado para esculturas em madeira. Höfdaletur pode ser bastante indecifrável, e a sua utilização e desenvolvimento têm sido mistificados. Höfdaletur foi transmitido dentro da comunidade; na maior parte das vezes, alterou-se nas mãos de cada artista. A certa altura, este desenvolvimento parou. Ao longo das suas carreiras, os artistas continuaram o desenvolvimento de Höfdaletur-assim como outros tipos da Islândia, como Munkaletur, Fléttuletur, ou Galdraletur, ativando-os através de projetos contemporâneos, e expandindo as suas formas ao mesmo tempo que honram a sua história e ancestralidade. TYPE + DRAFTS + IDEAS será também um ponto de expansão para a ilha através de intervenções no espaço público: murais em grande escala. Ao longo da sua residência artística de dois meses, Krot & Krass desenvolverão uma investigação, acumulando novas impressões e descobertas, que serão apresentadas na vaga a 3 de dezembro.
3. Sarah Maldoror: Cinema Tricontinental nas Galerias Municipais — Torreão Nascente da Cordoaria até 27 NOV 2022
A obra da cineasta Sarah Maldoror encontra-se associada às lutas de libertação de várias nações do continente africano nas décadas de 1960 e 1970, as quais constituem o tema e pano de fundo de muitos dos seus filmes. Nascida em Gers, em 1929, a cineasta emerge na cena cultural parisiense em meados da década de 1950, utilizando já o nome adotado de
Maldoror em alusão ao herói maléfico dos Cantos de Maldoror
(1868) do Conde de Lautréamont, redescobertos e celebrados
pelos poetas surrealistas e nos quais Aimé Césaire encontrava "o homem de ferro foriado pela sociedade capitalista" (in Discurso sobre o Colonialismo, 1950).
4. CAMPO DE JOGO. Plantar, cortar e alçar de Os Espacialistas — Galeria NAVE até 25 NOV 2022
Para Os Espacialistas a arquitectura é jogo e actividade agrícola. Nesta exposição, em estado de sítio, apresentam como casa de partida um conjunto de obras de natureza lúdica e do acaso, resultantes de diversas apanhas i-materiais que cultivaram ao longo do tempo nas imediações do corpo e do espaço por onde andaram. Um coniunto de obras capazes de todas as espécies de ligações poéticas, reflectem a arquitectura enquanto campo de jogo, actividade e gesto, dotada de afectos e encontros reais e imaginários. São fragmentos da vida quotidiana, da casa, da escola e do trabalho, resultantes da vontade constante de jogar com os gestos de plantar, cortar e alçar corpos, espaços e objectos, cada vez melhor. Jogos comparadores de diferença e repetição, eternos retornos que mudam de sentido e intensidade conforme a escala e a posição das obras em construção civil. Nesta poética do jogo, a arquitectura é a actividade que antecipa os gestos humanos, é pensamento e afecto em promenade. E um somatório de erros.
5. Visionárias-Trienal de Arquitetura — Culturgest Lisboa
No âmbito da Trienal de Arquitectura de Lisboa, a Culturgest apresenta a exposição Visionárias, com curadoria de Anastassia Smirnova com ateliê SVESMI.
Quais as visões das pessoas da arquitetura, artes, design e ciência que aspiram a mudar o mundo sistematicamente? Esta exposição explora processos de criação e autorias
Visionárias que propõem uma ordem alternativa e cuios projetos, mais do que meras estruturas físicas e espaciais, são prescrições ambiciosas e controversas para estratégias planetárias. Sob muitas formas diferentes, da escala do quarto a modelos de cidade, estes protótipos radicais estão abertos a serem interpretados de forma produtiva, e não apenas replicados, pelas gerações futuras.
Nesta exposição coletiva, os trabalhos apresentados são da autoria de Roger Anger & Anupama Kundoo, Aristide Antonas, bplus.xyz, Galina Balashova, Rohan Chavan, Dom Hans Van Der Laan & Caroline Voet, Ensamble Studio, Charlotte Malterre-Barthes, MVRDV, Bruno Munari, Andrés Jaque/ Office For Political Innovation, Organization For Permanent Modernity, Selgascano, SVESMI, Studio SpaceStation, ABT Engineers, OBSCURA, Ultimate Compost Club, The Tokyo Toilet Project e Tomoaki Uno.
Nas palavras da equipa de curadores: "A exposição concentra-se em visões realizadas e realizáveis por pessoas da arquitetura, das artes, do design e da ciência, que aspiram a mudar o mundo sistematicamente. Entre essas pessoas com uma visão, encontramos quem tenta impor uma ordem alternativa das coisas e projetar não apenas estruturas físicas ou objetos, mas prescrições ambiciosas e, às vezes, controversas para ações futuras. Novos modelos e protótipos não devem ser apenas réplicas, mas interpretações produtivas do debate atual sobre as estratégias planetárias que apresentam respostas ao desafio da prática na era da próxima grande narrativa. Como podem as visões radicais.