O Impacto da Internet no Mundo da Arte
A História da Arte tem nos demonstrado que os artistas têm vindo a procurar insistentemente novas formas e meios não convencionais para se expressar. No início do século XX, começaram a desafiar a percepção tradicional da arte ao introduzirem novos elementos, como objetos do quotidiano. As novas ferramentas informáticas progrediram lado a lado com progresso artístico. Ferramentas como as redes sociais e os smartphones marcaram o desenvolvimento tecnológico de forma impactante, pois transformaram o modo como experienciamos e compartilhamos informações e imagens. A comunidade de amantes da arte teve oportunidade de se expandir globalmente, através destas plataformas digitais.
Se há uma década atrás as conversas sobre arte estavam na competência de um grupo pequeno de pessoas, atualmente vemos como as pessoas conseguem obter informações de forma rápida e acessível no Google ou nas redes sociais. As plataformas digitais conseguiram democratizar o acesso à arte, revolucionando por completo este meio. Cada vez há mais pessoas a comprar arte online, visto que em 2015 quando as vendas de leilões desceram, no mercado online houve um crescimento de 24% e, em 2017, ultrapassou US $4,2 bilhões. Esta revolução digital proporcionou um aumento na frequência de visitantes nos museus e galerias, devido à disponibilidade de informação sobre as exposições. Museu como MoMA, Louvre, Tate, entre outros, neste momento são seguidos por milhões de pessoas. Há várias exposições que se tornam verdadeiros sucessos nas redes sociais, levando muito mais público a visitá-las, como as salas espelhadas de Yayoi Kusama - 160.000 visitantes foram ver exposição do Museu Hirschhorn em 2017, o dobro da média de público. Por outro lado, a vasta informação disponível dificulta a navegação neste complexo universo artístico. Muitas questões são levantadas: Qual é a fonte de informação fidedigna? Qual é o verdadeiro valor da obra de arte? Quais são os parâmetros a ter em conta? Muitas dúvidas surgem neste novo universo de vendas virtuais, contudo cada vez mais as plataformas dão informações necessárias ao comprador para que não exista dúvida e para que este perceba que o valor emocional entre a peça e o espectador é essencial.
Yayoi Kusama
Como a Pandemia Mudou a Forma Como Vemos Arte?
A pandemia obrigou o mundo da arte a render-se à internet como o único espaço de exposição possível. Desta forma, o mercado da arte online viu as suas vendas a subir exponencialmente devido ao encerramento dos museus, feiras e leilões por causa da pandemia. Logo no primeiro semestre de 2020 a Christie's, a Sotheby's e a Phillips registaram receitas de US$370 milhões, cinco vezes mais do que no mesmo período de 2019.
“Social distancing has forced a new form of online engagement which might forever alter the way the art market, and its stakeholders, approach their digital presence.”
Christie's
Inovações que Surgiram Durante a Pandemia
A capacidade dos espaços do mundo da arte se reinventarem durante a pandemia, foi quase de imediato, com o lançamento de palestras, entrevistas e visitas pelas galerias e estúdios dos artistas. Na museologia houve uma nova experiência que se espalhou como um incêndio: as visitas virtuais aos grandes museus e galerias. Com esta ferramenta o Google proporcionou a oportunidade de qualquer pessoa conseguir visitar um dos principais museus de arte no conforto da sua própria casa. As instituições perceberam que não podiam continuar somente nos canais tradicionais que estavam habituados e começaram a apostar no mundo online. Exemplo disso, é a Serpentine Gallery em Londres que começou a utilizar canais como Twitch, uma plataforma de transmissão ao vivo para jogadores, para efetuar visitas guiadas pelas suas instalações. Posteriormente surgiram também as feiras online, como a organizada pela New Art Dealers Alliance (NADA).
“Since the COVID-19 outbreak, the art world has seen an amazing amount of goodwill and support, as well as innovation and collaboration, particularly online. Although the new post-COVID art market will not be online only, the art market has finally embraced the digital transformation and is now in a better position to adapt to change in the long term”
De facto, durante a pandemia a internet e as suas plataformas, ajudaram constantemente os artistas a sobreviver. Este tornou-se um grande meio de comércio de arte, de forma mais simples e acessível. Com o desenvolvimento do desconfinamento é difícil prever se tudo voltará a ser como antes. Contudo, em geral, 80% das plataformas de vendas de arte online esperam um crescimento nas vendas no próximo ano. Em particular, 65% acreditam que a crise levará a mudanças permanentes, nas quais o negócio online será uma componente essencial e forte.
Leon Zernitsky
Na realidade, este comércio tem crescido cada vez mais, como podemos analisar pelo sucesso dos NFT’s (Non-fungible tokens). A tecnologia Blockchain e NFTs oferecem aos artistas e criadores uma oportunidade única de venderem diretamente ao consumidor, o que lhes permite ficar com a maior parte dos lucros. Outra característica bastante atraente é a possibilidade de conseguirem programar para receberem uma percentagem dos lucros da sua própria arte, sempre que esta for vendida a um novo proprietário.Os NFTs são uma tecnologia recente e o seu futuro é incerto, contudo tem tido um grande impacto na arte nos últimos tempos. Até a atualidade, a internet tem vindo a oferecer um acesso mais prático e fácil à produção, visualização e venda de obras de arte, além de ampliar a relação entre consumidor e vendedor.
Beeple