
Jeff Koons perdeu a batalha legal contra uma seguradora italiana de 74 anos, depois do tribunal de Milão decidir que uma escultura de duas cobras é o original, contra as alegações do artista americano.
As duas cobras alegres com gravatas-borboleta verdes, são um trabalho de porcelana de 34 polegadas de altura, que faz parte de uma série de esculturas criadas pelo produtor milanês Fidia S.n.c. para a exposição Banality de Koons em 1988 em Colônia. O colecionador comprou a sua versão da obra num leilão de bens perdidos em Milão por 500.000 liras em 1991 (cerca de 500 euros em dinheiro de hoje), numa época em que o artista americano era pouco conhecido fora dos círculos especializados. A Ohio University comprou sua versão em 1989. As duas versões carregam o mesmo título. A decisão significa que o valor da versão da obra de propriedade do corretor provavelmente disparará, enquanto o valor de uma segunda versão exibida na galeria de arte da Universidade de Ohio pode depreciar-se significativamente, segundo especialistas.
Em outubro passado, o tribunal de Milão confirmou, a decisão anterior emitida dois anos antes, que considerou que a versão do colecionador é "uma obra de arte autêntica autorizada do Sr. Jeffrey Koons". A versão de Ohio pode ser um "clone" feito posteriormente quando se acreditava que o original estava perdido, diz Marianna Garrone, advogada do colecionador, ao The Art Newspaper. De acordo com especialistas em arte consultados pelo colecionador, a “história única e incrível” da obra significa que agora ela é “inestimável”, acrescenta Garrone. Jeff Koons iniciou uma batalha legal em 1997, depois do colecionador listar o trabalho num leilão na Christie's de Nova York. O artista americano tentou bloquear a venda e apresentou alegações ao Tribunal Distrital do Sul de Nova York de que o trabalho era falso. No entanto, Koons mudou sua história quando foi questionado durante o julgamento, dizendo que, embora o trabalho tenha sido exibido em Colônia, era um protótipo defeituoso e deveria ter sido destruído. O tribunal concluiu que esta alegação era infundada.
O caso ressurgiu na Itália em 2014, quando um galerista de Milão mostrar interesse em comprar a obra e pediu a Koons que verificasse sua autenticidade. O artista disse que era um protótipo e o colecionador exigiu que Jeff Koons pagasse uma indenização pela venda perdida. Koons, por sua vez, pediu ao cobrador o pagamento de uma indenização de € 8 milhões, valor médio das obras do grupo Serpents. O tribunal de Milão concluiu que o trabalho era um Jeff Koons autorizado e autêntico. De acordo com a decisão, quaisquer futuros pedidos de indenização emitidos pelo cobrador seriam tratados em “julgamento à parte”. Koons recorreu da última decisão do tribunal e o caso será definitivamente ouvido no Tribunal de Cassação da Itália, diz Garrone. A escultura de Koons, Coelho, foi vendida por um recorde de US$ 91 milhões em 2019, tornando-o o artista vivo mais caro do mundo em leilão.