Catarina Ferreira é uma artista autodidata em pintura, com formação superior em turismo. Costuma dizer que sabe que é artista desde que conseguiu pela primeira vez agarrar num lápis de cera. Desde a pandemia, deixou o mundo corporativo para trás e desenvolveu a sua arte, criando obras vibrantes cheias de luz e alegria. Há algo mágico em ver a beleza das flores e plantas e conseguir transformá-las em lindas pinturas abstratas. Pinta em tela
Costuma dizer que sabe que é artista desde que conseguiu pela primeira vez agarrar num lápis de cera. Como começou esta paixão pelo mundo da pintura?
A paixão começou pelo mundo das artes e a pintura apareceu mais tarde. Sempre gostei muito de desenhar e colorir, lembro-me que delirava com uma caixa de lápis de cor nova! Pintava imensos desenhos que a minha mãe me imprimia, mas sempre fora das linhas claro! A pintura surgiu mais tarde com o meu pai, que sempre teve imenso talento para as artes. Durante a minha infância começou a ter aulas de pintura e eu ficava super entusiasmada com os quadros que fazia. Para mim, era uma chatice ter de esperar que o óleo secasse para que ele as pudesse trazer da escola para casa… Mas quando chegavam era uma alegria! Comecei a roubar-lhe os pincéis e as tintas e foi assim que aprendi tudo o que sei.
Sei que passaste por uma formação prévia na área de turismo, como introdução ao teu trabalho queres partilhar como aconteceu a tua mudança para o campo das artes plásticas?
Eu sempre fui uma pessoa muito criativa, mas a arte nunca passou de um hobby. Acabei a licenciatura na área de turismo, comecei a trabalhar e a arte foi ficando esquecida. Ninguém nos diz que, apesar de gostarmos muito da área que escolhemos seguir, muitas vezes isso nos tira tempo livre, energia e motivação para fazer tudo aquilo que gostamos. É muito importante encontrar um equilíbrio saudável…
Em março de 2020, com a pandemia, fui dispensada de um trabalho que gostava muito e isso deixou-me em baixo. Passei por um momento menos bom e apercebi-me que, desde que tinha começado a faculdade, nunca mais tinha pegado num pincel. Mas foi a arte que me fez querer colorir novamente a minha vida. Usei-a como terapia e aos poucos e poucos fui partilhando as minhas pinturas online. Foi num instante enquanto comecei a vender as minhas obras e foi assim que decidi mudar o rumo da minha vida.
A pintura é um campo aberto a inúmeras possibilidades. Como é o teu processo criativo? De que maneira podes descrever o teu processo diário?
O meu processo criativo é bem simples. Envolve calma, a natureza e os momentos simples do dia a dia que tanto me inspiram.
Há algo mágico em ver a beleza das flores e dos verdes e transformá-los em belas pinturas abstratas. Foi assim que encontrei a liberdade e redescobri a criatividade e isso ajuda-me a ser positiva todos os dias porque mostrei a mim mesma que com paixão e determinação, podemos sempre realizar os nossos sonhos. Sou autodidata e pinto intuitivamente, deixando o meu corpo e emoções guiarem os meus movimentos. Surpreendo-me sempre com todas as cores que coloco nas telas! O processo criativo é minha terapia - o lugar onde sou mais eu mesma, enquanto procuro uma vida lenta e inspirada e toda a luz que o mundo tem para oferecer.
As tuas pinturas que são extensões do teu jardim, tem uma forte componente visual e abstrata. Como sentes que o teu trabalho afeta o espectador e que efeito esperas que tenha no mundo?
Sinto que com a pintura, encontrei o tal equilíbrio de que falei anteriormente. Os meus dias já não são só ir trabalhar e voltar para casa, para depois voltar a repetir infinitamente. A pintura permite-me ter uma vida mais lenta e intencional. Sei aquilo que quero e para onde vou. Quero que as minhas pinturas transmitam uma sensação de tranquilidade, de magia, de simplicidade. Quero que sejam uma lufada de ar fresco para quem as coleciona e que quando olhem para elas sintam serenidade. Que sejam pontos de luz, de amor e de alegria. Com a pintura, agora tenho tempo para apreciar todas as pequenas coisas da vida e espero que as minhas pinturas sejam essa pequena coisa na vida de alguém.
No teu “atelier” trabalhas em diversos projetos simultaneamente: quantos trabalhos tens neste momento “em progresso”? Há algum que te esteja a apresentar desafios específicos que gostasses de partilhar?
Como pinto de forma intuitiva, os meus trabalhos são sempre uma surpresa. Geralmente, mantenho a paleta de cores, mas espalho imensas telas e folhas pelo atelier. Depois vou pintando devagarinho, uma pincelada aqui, uma pincelada ali… Trabalho sempre em muitas obras ao mesmo tempo. Neste momento, estou entre coleções, a construir aquela que será a coleção de Primavera do próximo ano e todas me desafiam. Não seria divertido se fosse sempre fácil!
Quais são os artistas que tem inspirado?
Inspiro-me muito pelos clássicos Van Gogh, Gustav Klimt e Monet. Mas a minha maior inspiração é a animação do Studio Ghibli, com as suas paisagens incríveis e ambientes de cortar a respiração, que me trazem um sentimento de conforto, magia e nostalgia. Também tenho de mencionar a artista portuguesa Claudia Trongmo que vive um estilo de vida que adoro, ao qual aspiro e cria pinturas incríveis, numa paisagem incrível.
Por fim, qual é o artista com quem sonhas trabalhar um dia?
Não consigo precisar um artista porque são muitos os que me inspiram. Mas gostava muito de trabalhar com artistas portugueses, de forma a dar a conhecer a nossa arte pelo mundo e a tornar o acesso à arte mais fácil e disponível a qualquer pessoa.