Conta-nos como começou esta paixão pelo mundo da arte.
A minha infância foi muito estimulante em termos criativos, perdia horas a criar pequenas esculturas em plasticina, pintar com aguarelas... passava dias mergulhada em livros de fantasia, magia, e principalmente, de arte. O meu pai foi professor de Educação Visual e, portanto, é dono de uma biblioteca invejável.
Comecei a ter aulas de pintura aos 12 anos, e a partir daí uma coisa era certa – queria ser artista. E assim foi. Estudei Artes Visuais e no último ano do curso estava a haver uma exposição incrível de arte urbana cá no Porto, o StreetArtAxa. Foi um ponto de viragem para mim, acabando por despertar a curiosidade para várias técnicas e materiais.
Como funciona o seu processo criativo?
Guardo muitas referências, visuais e escritas. Desenho muito no estúdio, mas especialmente em viagem. Mesmo que não vá usar uma ideia imediatamente, fica registada. Por vezes volto atrás meses nos meus cadernos e algo me desperta a atenção que finalmente vê a luz do dia.
Quais são os elementos que a inspiram?
Todos os elementos naturais são uma fonte de inspiração enorme para mim. As cores que pintam o céu no nascer e por do sol, as inúmeras texturas criadas pela água nos seus diversos estados e o chão da floresta que esconde tantos segredos. A luz do sol que os ramos das árvores deixam passar. Gosto de viver com curiosidade e aprender sempre.
Nas suas peças de arte tem vindo a criar diversos universos, repletos de fantasia. O que procura expressar nas suas obras?
Tenho como objetivo representar espaços seguros, onde podemos baixar a guarda e ser nós mesmos. Onde podemos ser um com a natureza e deixar a imaginação levar-nos a todo o tipo de sítios.
Como enfrenta os desafios criativos no seu trabalho? Como se mantem motivada?
Não vou dourar a pílula, por vezes é complicado, especialmente nos dias que correm. Ser mulher no mundo da arte e trabalhadora independente é um constante desafio. Mas é isso que me motiva a fazer mais e melhor.
Quais são os artistas que a inspiraram?
Kandinsky, Vieira da Silva, Bridget Riley, Victor Vasarely e Jen Stark por exemplo.
Tem algum projeto ou trabalho mais recente que gostaria de partilhar?
Pintei recentemente um mural em Matosinhos, perto do pavilhão desportivo da Senhora da Hora. Tenho realizado também alguns workshops de arte urbana em escolas, trabalhar com jovens é algo que me dá especial gratificação.
Como jovem artista tem algum conselho que queira partilhar com os jovens que estão a dar os primeiros passos no mundo da arte?
Ser consistente faz toda a diferença. As derrotas fazem parte, e devemos celebrar todas as vitórias, por mais pequenas que sejam.
Por fim, qual é o artista com quem sonhas trabalhar um dia?
Seria muito grata por todas as colaborações que pudessem vir na minha direção, mas gostaria especialmente de colaborar com artistas estrangeiros.