O que é o surrealismo?
No contexto das vanguardas da década de 1920, surge o surrealismo, um movimento artístico e literário que expressa os pensamentos do inconsciente. Fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas do psicólogo Sigmund Freud, em 1924, André Breton escreve o Manifesto Surrealista. O irracional, os sonhos e as loucuras tornam-se o mote principal da produção artística surrealista. Conheça cinco artistas que exploraram o movimento surrealista.
Salvador Dalí
Ao criar uma linguagem plástica com composições fascinantes, o artista espanhol Salvador Dalí (1904–1989) tornou-se numa das principais figuras do surrealismo. Este movimento que se enquadra nas vanguardas da década de 1920, propunha a transposição e libertação do inconsciente nas experiências plásticas. As suas obras «The Temptation of St. Anthony» (1946) e «The Persistence of Memory» (1931) apresentaram na altura uma forma completamente inovadora de compreender o irracional, através de objetos como relógios derretidos e animais extraordinários. Além de artista plástico, Salvador Dalí foi escritor, cineasta e cultivou durante a sua carreira a sua personalidade excêntrica, a partir das suas características comportamentais e físicas, tal como o seu famoso bigode e o seu animal de estimação um tamanduá (papa-formigas).
Cruzeiro Seixas
O artista português Cruzeiro Seixas (1920-2020) é um dos grandes nomes do surrealismo em Portugal. Na sua vasta produção artística, percorreu várias fases, desde o expressionismo ao neo-realismo, até chegar ao surrealismo. Explorou diversas técnicas e suportes, transmitindo uma constante liberdade poética e plástica. Os seus desenhos, pinturas e esculturas integravam as paisagens metafísicas de Giorgio de Chirico e as figurações metamórficas de Salvador Dalí. Através dos contrastes entre os pretos e os brancos, desenvolveu um universo imaginário muito pessoal. Sonhou e imaginou, sem imposições estéticas ou morais, no mundo da arte plástica, mas também da poesia. Foi recorrentemente divulgador da estética surrealista no meio português.
Alfredo Luz
Nas cores da memória, Alfredo Luz (1951) cria nas suas pinturas um conjunto de fragmentos que são reunidos pelos seus sentidos e pensamentos. Dividido entre as vivências da vida rural e da urbana, concebe um discurso complexo sobre os seus olhares do mundo quotidiano. Aquilo que parece vulgar, transforma-se noutro elemento rodeado de encanto e leveza. O seu universo criativo é apresentado, a partir da sua capacidade técnica de criação de formas com uma perfeita harmonia da cor, transmitindo sensação de pureza, sensibilidade e fantasia. Tende a colaborar com outros artistas surrealistas como Cruzeiro Seixas e Luzia Lages. Expõe com regularidade em Portugal e no estrangeiro, tendo participado na Feira de Arte Contemporânea – Lisboa em 2006, Arte Madrid – Madrid em 2007, a Exposição Internacional de Surrealismo – Santiago do Chile em 2008, entre outras.
Mário Cesariny
Manifestando a sua criatividade e personalidade, a partir da sua produção artística, Mário Cesariny teve um papel fundamental no panorama da arte portuguesa. Nas suas obras compostas por colagens, poemas e objetos, percebemos que o processo de criação surgia em círculos: de poemas criava quadros e vice-versa. Expressando intensamente os seus sonhos e desejos de liberdade foi um artista que rejeitou as preocupações formais da arte, introduzindo novas técnicas e materiais nas suas peças. Em 1949, fundou o grupo «Os Surrealistas», onde participou na redação do manifesto coletivo e na primeira exposição. Esta não foi a única a ser promovida por Mário Cesariny, pois durante toda a sua vida, possuiu sempre um papel ativo na divulgação e produção artística do surrealismo. Além das artes plásticas, o artista português foi poeta, crítico e ensaísta, tendo exercido relevantes influências sobre as gerações poéticas nas décadas posteriores.
Luzia Lage
Luzia Lage (1962) é uma artista plástica portuguesa que se destaca pelas suas obras de inspiração surrealista, com cores vibrantes e retratos de expressões humanas e animais. Estudou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e desenvolveu uma prática artística que mescla elementos tradicionais da arte portuguesa ao surrealismo. Sobre a autora escreveu Lídia Jorge: “Através do expressionismo animista, a sua obra revela o rigor do desenho, a transfiguração do corpo e a liberdade no espaço”; "Luzia Lage pinta a perplexidade da Vida. A força do sonho e a lonjura do sono. Omistério da criatividade e o limite das mãos. O deslumbramento da ideia e a oscilação da matéria…”. Foi premiada com os seguintes prémios: 1º Prémio Imprensa na categoria de Artes Plásticas “Personalidade Feminina de Portugal 2009” e o PrémioInternacional: 1º Prémio de Pintura e Fidelidade à Arte atribuído pelo VeraWorld Fine Art Festival 2015. Além das muitas exposições individuais e colectivas em que participa, a autora trabalha com obra pública, desta destacamos o painel tridimensional em azulejo - “Mães de Água”, CREL e o painel comemorativo colectivo para a inauguração da Casa do Artista em Lisboa, Mural comemorativo e de homenagem à obra de Lídia Jorge, entre outros.