A História do Grupo Fluxus
Fluxus é um coletivo internacional de vanguarda fundado na década de 1960, fundado pelo artista lituano/americano George Maciunas, que continua existir até hoje. Fluxus começou como uma pequena mas internacional rede de artistas e compositores, que se caracterizou como uma atitude compartilhada e não como um movimento. Enraizado na música experimental, recebeu o nome de uma revista que apresentava o trabalho de músicos e artistas centrados, como o compositor de vanguarda John Cage. O fundador do Fluxus, Maciunas, afirmou que o objetivo do grupo é: 'promover uma inundação revolucionária na arte, promover a arte viva, a anti-arte'. Claramente que isto tem fortes ecos do dadaísmo, o movimento artístico do início do século XX.
A palavra latina Fluxus advém da palavra fluir, teve como principais centros de atividade do Fluxus foram Nova York, Alemanha e Japão. O primeiro evento foi realizado em 1961 na AG Gallery em Nova York e em 1962, em festivais na Europa. O Fluxus desempenhou um papel importante na abertura das definições do que a arte pode ser e influenciou profundamente a natureza da produção artística desde a década de 1960, que viu uma gama diversificada de formas e abordagens artísticas existir e florescer lado a lado. Ao contrário de outros movimentos, Fluxus não tinha um estilo unificador único e foi intencionalmente não categorizado. Os projetos Fluxus eram abrangentes e muitas vezes multidisciplinares, bem-humorados e baseados em materiais e experiências quotidianas e baratas – incluindo tudo, desde respirar até atender o telefone. Sem dúvida, Fluxus foi uma alternativa à arte acadêmica e à música, uma forma democrática e criatividade aberta a qualquer pessoa. Colaborações foram incentivadas entre artistas e entre formas de arte, e também com o público ou espectador. Valorizou-se o humor, a simplicidade e o anti-comercialismo, sendo que o acaso desempenhou um papel importante na criação das obras.
Performance e Happenings
Muitos artistas dos anos 60 participaram, incluindo Joseph Beuys, Dick Higgins, Alice Hutchins, Yoko Ono, Nam June Paik, Ben Vautier, Robert Watts, Benjamin Patterson e Emmett Williams. Quando solicitado a definir Fluxus, Maciunas costumava responder com gravações de cães a ladrar, de forma a questionar, mas também demonstrar a experimentação e a aceitação do absurdo na sua essência. Performances – que os artistas do Fluxus chamavam de “Events”, a fim de distingui-los de Happenings e outras formas de performance baseada na arte - foram uma parte significativa do movimento. Estas eram em grande parte baseadas em conjuntos de instruções escritas, chamadas de “partituras”, dando a referência do fato de serem derivadas de composições musicais. Seguir uma partitura resultaria numa ação, evento, performance ou um dos muitos outros tipos de experiências que foram geradas a partir desse movimento vibrante.
Fluxus e a música
Muitos foram inspirados pelo artista, compositor e músico mais velho John Cage. Através do seu trabalho e carismático ensino, demonstrou que arte e vida podem se conciliar com fluidez. Denota-se isso, em parte, nas suas obras ao ter acolhido o acaso nas suas composições musicais – incluindo ruídos ambientais ou sons de membros da plateia a tossir, mexendo os seus assentos e às vezes até incomodar os artistas – e usar coisas como objetos domésticos quotidianos como instrumentos. O impulso de Cage para encontrar potencial artístico no quotidiano ressoou com os artistas do Fluxus. Amplamente reconhecido como o criador do minimalismo musical, o compositor e artista La Monte Young também foi associado ao Fluxus. As suas composições foram caracterizadas pelas suas estruturas reduzidas e duração excepcional. Em 1960, colaborou com a artista Yoko Ono para organizar uma série de eventos de artistas, dançarinos, músicos e compositores realizados no estúdio de Ono no centro de Nova York, conhecido como Chambers Street Loft Series. George Maciunas compareceu, como muitos outros artistas que se envolveriam com o Fluxus. O estúdio de Yoko Ono tornou-se num centro de novos trabalhos inovadores e experimentais.
A importância de Yoko Ono no Grupo Fluxus
Yoko Ono estreou "Cut Piece", sentada sozinha num palco com uma tesoura à sua frente, instruiu o público a aproximar-se e usar a tesoura para cortar um pedaço da sua roupa. Permaneceu quase imóvel e inexpressiva enquanto vários membros da plateia obedeciam, às vezes de forma agressiva. Como escreveu sobre a experiência em 1966: “People went on cutting the parts they do not like of me finally there was only the stone remained of me that was in me but they were still not satisfied and wanted to know what it’s like in the stone." Yoko Ono repetiu a peça ao longo dos anos e escreveu passo a passo a performance para qualquer pessoa recriá-la — o que muitas pessoas fizeram, e muitas mais provavelmente continuarão a fazer.
Nam June Paik e Alison Knowles no Grupo Fluxus
Como muitos dos seus colegas, os primeiros membros do Fluxus, Nam June Paik e Alison Knowles, trabalharam com meios tecnológicos. Paik, considerado um pioneiro da videoarte, foi um dos primeiros artistas a criar trabalhos performativos que imergiram o público em ricas experiências visuais e auditivas, centradas em aparelhos de televisão engenhosamente alterados e câmaras de vídeo manipuladas. Colaborou com a violoncelista de vanguarda Charlotte Moorman em várias apresentações musicais.
De sua parte, Knowles criou performances, peças sonoras, instalações, esculturas, objetos de livros e gravuras que têm as suas raízes, em parte, no artista Cage. Em 1962, o compositor afirmou: You can stay with music while you’re hunting mushrooms. [A] mushroom grows for such a short time, and if you happen to come across it when it 's fresh it' s like coming across a sound, which also lives a short time.” Knowles acredita que o tempo que passaram juntos a procurar cogumelos selvagens foi importante para ajudá-la a desenvolver a sua visão e levou-a à incorporação de alimentos nos vários projetos Fluxus.
Qual é a importância do Fluxus na atualidade?
Embora possa ser um exagero dizer que o movimento Fluxus revolucionou o mundo da arte ou o mundo real da maneira que Maciunas pediu no seu manifesto. Contudo, este movimento ajudou a transformar radicalmente as noções do que a arte pode ser. Os artistas do Fluxus empurraram a arte para fora dos locais convencionais, como galerias e museus. As suas peças informais, espontâneas e muitas vezes efémeras não eram apenas difíceis de colecionar e explicar; às vezes também eram difíceis de reconhecer como arte. Mas os museus e as galerias eventualmente alcançaram e absorveram esses trabalhos. O mesmo aconteceu com as gerações mais jovens de artistas, que continuam a construir a liberdade que o movimento introduziu na arte com seu próprio trabalho. A próxima vez que entrar num espaço de arte e encontrar uma escultura composta de objetos que pode encontrar na sua própria casa, agradeça ao Fluxus por ajudar a estabelecer as bases.