Arte no Afeganistão
No Afeganistão a Arte Contemporânea começou a ressurgir por existir uma maior liberdade de expressão, após a queda dos Talibã em 2001. Desde 2009, o financiamento internacional para artes e cultura começou a chegar ao país, a partir dos Estados Unidos e da Europa. Como o artista Aman Mojadidi, curador da dOCUMENTA13 em Cabul, afirmou em uma entrevista com Qantara, esses investimentos vieram como: “a way of creating a sense that Afghanistan is apparently in a much better state than it was before, paving the way for the planned military withdrawal.”
O Afeganistão tem várias escolas de arte em todo o país e seus principais espaços culturais são o Museu Nacional do Afeganistão, a Galeria Nacional do Afeganistão e o Arquivo Nacional do Afeganistão em Cabul. O Centro de Arte Contemporânea do Afeganistão (CCAA) é um pequeno centro de arte em Cabul dedicado à promoção e ao desenvolvimento da cena artística e de artistas locais por meio de oficinas, exposições e outros programas educacionais.
Shamsia Hassani
Artistas afegãos temem o seu futuro
No domingo, 15 de agosto, os Talibãs tomaram o palácio presidencial do Afeganistão, após o presidente Ashraf Ghani fugir do país. Este desenvolvimento marcou o colapso total do governo do Afeganistão, após o presidente Joe Biden anunciar a retirada das forças americanas do país. De acordo com as Nações Unidas, as mortes de mulheres e crianças pelos Talibãs atingiram um número recorde em conjunto com a retirada de tropas americanas e ocidentais nos últimos meses. Mais de 250.000 afegãos foram forçados a deixar as suas casas enquanto os Talibãs rapidamente tomaram cidades como Herat e Kandahar, antes de chegar a Cabul.
O governo Biden enviou milhares de soldados para garantir a evacuação de funcionários da embaixada americana e suas famílias, outros cidadãos americanos presos no Afeganistão e cidadãos afegãos particularmente vulneráveis. A evacuação da embaixada dos EUA em Cabul já foi concluída, disse o Departamento de Estado. No entanto, as autoridades não deram respostas a perguntas sobre a segurança de milhares de afegãos, incluindo funcionários da embaixada e suas famílias, que tentam desesperadamente fugir do país.
Temerosa pela segurança dos cidadãos afegãos, após a rápida aquisição de Cabul pelo Talibãs no fim de semana passado, a Associação de Artistas e Escritores Afegãos Americanos (AAAWA) fez um apelo para que o governo dos Estados Unidos da América mantenham a sua embaixada na capital aberta "a todo custo" para expandir a elegibilidade para vistos de artistas.
“It is of vital importance that the United States keeps its embassy in Kabul open and running, in order to continue the processing of Afghan refugees. Closing the embassy would signal abandonment and total surrender to the Taliban. This is not acceptable.” - Associação de Artistas e Escritores Afegãos Americanos (AAAWA)
Os ativistas também pediram aos Estados Unidos que ampliem a elegibilidade dos vistos de artistas para incluir grupos vulneráveis como mulheres, jovens, membros da comunidade LGBTQI + e minorias étnicas e religiosas. “There’s a closing window of opportunity for these vulnerable groups and the US must facilitate their safety,” disse o grupo ativista em um comunicado. “After pursuing 20 years of failed policies that have harmed Afghans, the very least the United States can do is provide refuge for those seeking it as the Taliban aims to take the country by force.”
Kabir Mokamel
Desde então, a Associação de Artistas e Escritores Afegãos Americanos (AAAWA) já conseguiu alcançar com uma petição online, a assinatura de mais de 42.000, pedindo ao Congresso e a administração Biden para "support the most vulnerable in Afghanistan”. O cineasta afegão Sahraa Karimi pede à comunidade internacional para proteger os artistas do país: “If the Taliban take over they will ban all art. I and other filmmakers could be next on their hit list. They will strip women’s rights, we will be pushed into the shadows of our homes and our voices, our expression will be stifled into silence. The world should not turn its back on us. This support would be the greatest help we need right now.”
Quando os Talibã governaram o país de 1996 a 2001, criar arte era um acto perigoso. Esta organização destruiu as gigantes estátuas esculpidas do Buda de Bamiyan e proibiram todas as representações artísticas da forma humana. Para a população do Afeganistão, neste momento o futuro é incerto.