Luís Noronha da Costa (1942-2020) foi um artista plástico português, considerado um dos mais importantes representantes da arte contemporânea portuguesa do século XX. Destacou-se no panorama artístico da arte contemporânea pelas suas pinturas experimentalista do mar, pelo estudo constante sobre a imagem, a perceção, dialética, desfocagem e spray. A sua produção artística foi marcada pelo questionamento da percepção, existindo sempre as dualidades, entre real ou virtual, duplicação ou desfoque. Saiba mais sobre Noronha da Costa, um artista disruptivo, romântico, trágico, solitário e experimentalista neste artigo.
Noronha da Costa: Pistola de spray, Colagens e "Efeito-ecrã"
Luís Noronha da Costa nasceu em Lisboa, em 1942, formou-se em arquitetura na Escola Superior de Belas Artes, em Lisboa, tendo a sua primeira exposição com apenas 20 anos. A partir do final dos anos 1960 dedicou-se em pleno à pintura. Inicialmente começou por explorar colagens e o "efeito-ecrã" a partir de espelhos e vidros foscos. Ainda nesta década, criou a sua emblemática técnica com a pistola de spray. A partir deste método, Noronha da Costa criou imagens que nos são próximas — no entanto, permanecem noutra divisão, dando-nos a perceção que existe um vidro fosco a dividir. Além da pintura, também executou trabalhos artísticos ao nível do cinema experimental. A produção artística de Noronha Costa foi marcada pelo questionamento da perceção, existindo sempre as dualidades, entre real ou virtual, duplicação ou desfoque. A sua obra é reconhecida pelos jogos de luz e sombra, figuras difusas surpreendentes e sugestivas, transpondo a tela tridimensionalmente. Antes dos 30 anos, conquistou a crítica, e foi apadrinhado por figuras como José Augusto França e Ernesto de Sousa, tendo representado Portugal nas bienais de São Paulo (1969) e Veneza (1970).
O esquecimento de Luís Noronha da Costa
Para o seu esquecimento terá contribuído a mudança de paradigma verificada em meados dos anos 1980. Pinto de Almeida afirmou: “A minha geração ficou deslumbrada com a abertura de Portugal à Europa. E descurou a defesa de artistas de primeira importância. Não só Noronha da Costa, mas também Helena Almeida (1934-2018) ou Ângelo de Sousa (1938-2011)", redescobertos ou resgatados muito mais tarde. Contudo, houve uma tragédia que não se fala normalmente: a morte da musa do artista. Noémia Cacho Rodrigues, faleceu em 1990, com apenas 48 anos. O artista não voltou a ser o mesmo após esta tragédia. Num artigo do Jornal de Notícias sobre Noronha da Costa afirmam sobre o seu esquecimento: “Há quem hoje lamente o manto trágico do esquecimento que desceu sobre Noronha da Costa demasiado cedo.”
Reconhecimento de Noronha da Costa
Entre os vários prémios e distinções foi o artista selecionado pela Secção Portuguesa da Associação Internacional dos Críticos da Arte (AICA), no ano de 1971. Em 1999 foi convidado a realizar a exposição inaugural do Museu de Arte Contemporânea de Serralves no Porto. No mesmo ano foi laureado com o “Prémio Europeu de Pintura” atribuído pelo Parlamento Europeu, tendo tido assim o merecido reconhecimento internacional. Em finais de 2003 é objeto de uma vasta Retrospetiva no Centro Cultural de Belém, apoiada pela publicação de uma extensa monografia intitulada “Noronha da Costa revisitado 1965-1983”, Edições Asa. No presente ano, 2012, foi-lhe atribuído o Título: Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pela Presidência da República, no 10 de Junho. A sua obra faz parte de importantes coleções e instituições como o Banco Espírito Santo e o CAMJAP/Fundação Calouste Gulbenkian, fazendo também parte da Coleção do Palácio de Buckingham – em 1985 o presidente da República, general Ramalho Eanes ofereceu um quadro de Noronha da Costa a sua Majestade Isabel II, Rainha de Inglaterra, aquando da sua visita oficial a Portugal.