Crédito fotográfico Flickr (Jaime Silva)
Quem é Bordalo II?
Chapas, teclados de computador, pneus de bicicleta são alguns dos objetos escolhidos por Bordalo II para a produção das suas obras. Artur Bordalo, neto do artista plástico Real Bordalo, nasceu em 1987, em Lisboa. Em homenagem às suas raízes artísticas intrínsecas na família, escolheu o nome de Bordalo II. Este jovem artista tem vindo a recorrer ao uso de objetos abandonados nas ruas das cidades para a sua produção artística. O lixo, nomeadamente plástico, metal e materiais eletrónicos, tornaram-se materiais de composição, que são transformados e moldados, pelo artista em forma de animal. A escolha destes materiais é a forma de Artur Bordalo criticar a forma como vivemos atualmente. O desperdício, o materialismo, o nosso próprio consumismo e a necessidade urgente de sustentabilidade são as temáticas abordadas nas suas instalações.
Bordalo II, o artista da Arte urbana (Street Art)
Do atelier do seu avô, passando mais tarde para o graffiti nas ruas da cidade de Lisboa, denota-se desde cedo, o interesse de Artur Bordalo pelo meio artístico. Frequentou o curso de Pintura Faculdade de Belas Artes de Lisboa, contudo acabou por não concluir os estudos. Foi durante os oito anos nesta universidade, que Bordalo II começou por explorar e a testar a junção de várias práticas e materiais como escultura, cerâmica, mosaico e vidro.
O espaço público acabou por ser o palco para a exploração e desenvolvimento da sua obra artística. Em 2012, construiu os primeiros animais em duas fábricas que tinham fechado portas em Cabo Ruivo. Os seus trabalhos alcançaram proporções internacionais a partir da partilha de fotografias nas redes sociais. Plataformas como Colossal, Bored Panda e High Frutose, impulsionaram o reconhecimento no mundo artístico e proporcionaram visibilidade às obras do jovem artista. Artur Bordalo contou como tudo começou numa entrevista à Notícias Magazine onde afirmou: «Infelizmente, nunca tenho problemas para arranjar mais lixo. O meu bem é o mal do mundo. (...) Fiz uma série de obras em lugares abandonados, fotografava e mandava essas imagens para plataformas de divulgação especializadas em artes urbanas.»
Bordalo II é um artista em constante crescimento, em termos das proporções das suas obras, mas também na quantidade de exposições a nível europeu e americano.
Crédito fotográfico P55.ART
Sustentabilidade na arte
Nos últimos séculos, a população mundial tem vindo a crescer, aumentando assim o consumo dos recursos naturais e a produção de lixo. O ato de consumo em si não é um problema, pois este é necessário para a nossa sobrevivência. Contudo, quando consumimos de forma excessiva, explorando os recursos naturais da Terra, criamos adversidades interferindo com equilíbrio do planeta. Numa sociedade onde é natural o consumo descontrolado e abandono de produtos praticamente novos, é necessário falar sobre o lixo de forma a criar soluções para esta problemática. A partir dos anos 60 esta preocupação ambiental e ecológica foi trazida para o campo das artes. Muitos artistas começaram a produzir obras que questionavam a nossa própria sobrevivência e as consequências da ação humana nos recursos naturais. Numa altura em que se pensava na arte como pertencente a um espaço fechado, museus, galerias, casas, um número crescente de artistas começou a produzir no exterior.
Bordalo II cresce com estas preocupações e transmite este desassossego constantemente para as suas obras. Denota-se nas suas instalações a influência de artistas como Joseph Beuys, que acreditava que a única força capaz de mudar a humanidade e a ordem social era a arte, a partir da criatividade humana. Mas, também, os ready-mades de Marcel Duchamp, as colagens de Pablo Picasso e Georges Braque, entre outras criações que transformaram a nossa percepção perante uma obra de arte.
Crédito fotográfico P55.ART
Os animais de Bordalo II
Os objetos outrora abandonados, nas mãos de Artur Bordalo, agora contam uma nova história. As chapas, os pneus, as portas adquirem uma função de ordem estética e comunicativa, expressando claramente uma crítica ao consumismo, mas oferecendo uma solução de sustentabilidade. Bordalo II quer representar nos seus trabalhos uma imagem da natureza com base nos animais, que são construídos a partir daquilo que os destrói - o lixo, o desperdício e a poluição. No Marketplace da P55, podemos encontrar peças com as faces que trazem movimento, expressão e acima de tudo sentimento. Para lá do propósito do objetivo artístico, estas obras têm uma presença ativa na esfera comum, ou seja, a arte acaba por ser um veículo de transformação da consciência social. Qual é o verdadeiro potencial da arte em relação à sua possível transformação na sociedade? A arte poderá modificar a nossa visão, levando o espectador a interrogar-se sobre várias questões. Deste modo, tem o poder de informar, esclarecer ou interrogar e isso pode levar à transformação. Os animais construídos por Bordalo II, agora encontram-se nas bocas e nas ruas do mundo, gritando sobre a necessidade de sustentabilidade sócio-ecológica.
Crédito fotográfico P55.ART
Dar um nova vida à cidade a partir do lixo
O avó de Artur Bordalo, Real Bordalo, pintou a paisagem urbana da cidade de Lisboa utilizando óleos e aguarelas. Atualmente, sabendo o poder da arte, especialmente no espaço público, o jovem artista transforma esta paisagem. As suas instalações, produzidas a partir do lixo, dão uma nova vida à cidade, integrando a natureza onde esta já não existe. Estas expressões visuais urbanas revitalizam os espaços tornando-os mais vivos, cosmopolita e contemporâneos. Com um grande impacto como agente de comunicação, estas tornaram-se parte integrante da identidade e da imagem de cidades. Os animais deste jovem artista encontram-se atualmente, em vários locais urbanos e museológicos nacionais e internacionais. No Marketplace da P55 poderá descobrir as suas obras sem precisar percorrer as ruas destas cidades. Descubra aqui os animais de Bordalo II.
Exposições de Bordalo II
O artista português Bordalo II, conhecido pelas suas impactantes imagens de animais feitos com desperdícios industriais em várias cidades do mundo, inaugurou em 2017, a sua primeira exposição a solo, no Beato, em Lisboa. Graças a Bordalo II, a arte urbana passou de marginal a consagrada. Atualmente, de Bragança aos Açores, não faltam motivos para planear grandes e pequenos passeios, e encontrar em algumas delas obras de Bordalo II. Em Lisboa, há um Guaxinão numa parede do Centro Cultural de Belém, construída em Maio 2015 no âmbito da exposição individual de Bordalo II “Pânico,Drama,Terror”; o Trash Puppy, construído um mês depois ao pé da rotunda de Cabo Ruivo, entre a Av.Infante D. Henrique e o Passeio do Báltico; um porco na Rua do Rio Douro criado este ano no âmbito do Festival Muro; uma abelha gigante dentro da Lx Factory e uma libelinha no bar do Infame. No Porto, o artista lisboeta embelezou um dos cantinhos do Cais de Gaia, tornando-o um dos sítios obrigatórios a visitar para quem atravessa a ponte e explora o lado de Gaia. Espalhados por Portugal estão mais animais, representados da mesma forma, entre outras obras do artista. Em Coimbra, há uma nova instalação artística de Bordalo II, localizada na fachada norte do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra (UC), ao lado do Museu da Ciência. É uma coruja de pernas altas e pertence a uma das séries do artista Bordalo II, Big Trash Animals - Neutral. Em Paris, na exposição Acordo de Paris, Bordalo II, reuniu 30 obras, com diversos tipos de plástico, encontrados no lixo, para criar animais em vias de extinção e alertar para problemas de sustentabilidade do planeta.
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