Wassily Kandinsky e o abstracionismo
Um dos pioneiros na arte abstrata, Wassily Kandinsky abriu o caminho para os artistas que lhe sucederam neste campo artístico. As suas pinturas foram descritas como "música visual", pois através das cores e da linha, expressava como a música o fazia sentir. Fascinado pela associação entre cor e música, chegou mesmo a compor músicas para as suas obras. O artista procurava provocar uma resposta emocional ao espectador sem a influência constrangedora de objetos definidos e limites físicos. Descubra neste artigo como Wassily Kandinsky, a partir das suas obras e teorias desempenhou um papel fundamental e surpreendente para a narrativa do abstracionismo.
Sobre o Espiritual na Arte
O criador das primeiras pinturas abstratas modernas, Wassily Kandinsky foi um influente pintor russo e teórico de arte. Estudou direito e economia na Universidade de Moscovo e mais tarde, foi contratado como professor de direito romano na Universidade de Dorpat, na Estônia. Aos 30 anos iniciou os seus estudos em pintura, com foco em desenhos, esboços e anatomia, na Universidade de Munique. Foi influenciado pelas composições de Monet e Richard Wagner, além da antroposofia. A devoção à beleza interior e as suas próprias experiências pessoais permaneceu como tema central nas suas peças de arte. Nesta época Kandinsky escreveu sua famosa obra teórica “Sobre o Espiritual na Arte”, texto clássico do início do modernismo, extremamente preciso sobre as considerações do material prático da sua produção artística, e especialmente sobre a cor, atribuindo qualidades emocionais e "espirituais" particulares a cada tonalidade e propondo formas complexas nas quais as cores contrastantes podem ser equilibradas umas com as outras. Em 1914, após o início da Primeira Guerra Mundial, Kandinsky voltou para Moscovo. Contudo, não encontrou muita inspiração artística, tendo assim retornado a Munique, onde foi professor na escola de arquitetura Bauhaus, até ser fechada pelos nazistas em 1933. Como teórico de arte publicou vários livros sobre teoria da arte e desenvolveu um estudo complexo e profundo sobre a capacidade das cores e formas representarem o som e evidenciar as emoções humanas.
“A cor é o teclado, os olhos são as harmonias, a alma é o piano com muitas cordas. O artista é a mão que toca, tocando uma tecla ou outra, para causar vibrações na alma” – Wassily Kandisnsky
A música - e a ideia de música - aparece em toda a obra de Kandinsky, como se percebe de imediato pelos títulos das suas obras: Composições, Improvisações e Impressões. O artista russo descreveu nos seus livros que a cor não é apenas uma componente visual mas tem alma e conseguem interagir entre si e com o espectador. Kandinsky afirmou conseguir "ouvir cores" e "ver sons". Depois que a Bauhaus foi fechada, Kandinsky mudou-se para Paris, onde ficou praticamente isolado dos outros pintores impressionistas e cubistas. Acabou por conseguir cidadania francesa e viveu o resto da sua vida neste país. As obras e as teorias de Kandinsky tiveram um grande impacto e influência nos movimentos posteriores como expressionismo abstrato.
A teoria de Kandinsky vistas pelas novas tecnologias
Agora com a plataforma Play a Kandinsky, criada pelo Google Arts & Culture em parceria com o museu francês Centro Pompidou, consegue-se imaginar a condição neurológica de Kandinsky, de associar cores a sons. O pintor tinha sinestesia, condição que fundia dois ou mais sentidos do corpo humano. No caso dele, a mistura era visual-auditiva: cores tinham sons e, portanto, seus quadros eram como música. Nesta página também consegue perceber as associações entre cores e música que Kandinsky criava.