Vhils e André Saraiva estão entre os mais de 100 artistas internacionais cujo trabalho vai estar representado na "mais abrangente exposição de graffiti e arte de rua no Reino Unido", que vai abrir na Galeria Saatchi, em Londres.
A exposição "Beyond the Streets London" vai ocupar todos os três andares do edifício da galeria entre 17 de fevereiro e 09 de maio, incluindo escadas e corredores, e terá mais obras para além daquelas que foram apresentadas nas edições anteriores em Los Angeles e Nova Iorque no ano passado.
No espaço vão estar desde instalações em grande escala a obras temporárias que representam a arte de rua, organizadas por capítulos que vão explorar a evolução do movimento e a relação com a música, desde o aparecimento do punk e hip-hop, nos anos 1970, à influência na moda e cinema.
André Saraiva, filho de portugueses nascido na Suécia e criado em França, vai participar com a série "Dream", onde, segundo um comunicado da galeria, é feita uma "articulação visual de como o graffiti, arte de rua, hip-hop, punk, moda e break-dancing surgiram do final dos anos 70 e início dos anos 80 até aos anos 90 e hoje, e [como] se tornaram uma celebração híbrida da cultura underground".
Um dos principais artistas do movimento da arte urbana, Alexandre Farto (1987), mais conhecido como Vhils, continua a evoluir e a impulsionar o seu estilo ao esculpir em grande escala rostos de figuras anónimas, de forma a revelar as camadas inferiores ocultas e a fragilidade do espaço urbano. Surgiu na cena artística em 2008, ao criar uma revolução, através da sua prática artística inovadora, na qual a destruição é uma forma de construção. Vhils tornou-se um fenómeno internacionalmente, principalmente pelos seus trabalhos murais no espaço público, homenageando José Saramago, Zeca Afonso, entre outros. O espaço onde cresceu, Seixal, um subúrbio industrializado do outro lado do rio de Lisboa (Portugal), influenciou profundamente a sua prática pelas transformações provocadas pelo intenso desenvolvimento urbano, nas décadas de 1980 e 1990. Tal como Bordalo II, Banksy e Jean-Michel Basquiat, foi nas ruas que se formou a base para a sua produção artística inicial, acabando por projetar as suas percepções do mundo exterior por meio dos seus atos criativos. Costuma esculpir os rostos nos espaços públicos - na lateral de edifícios - com uma variedade de ferramentas e materiais que podem deixar uma marca ou remover materiais, incluindo martelos, brocas, ácido de gravação, alvejante e explosivos. Além de escultura mural, também tem vindo a explorar outros meios como a serigrafia, a instalação, nfts e outros suportes, como cartazes publicitários, portas de madeira e placas de metal que recolhe das ruas. Obras de Vhils como “Open Walls Baltimore 1”, “POW! WOW! Hawaii 2014 - King Lunalilo Mural” e “Dusk” refletem temas atuais do panorama artístico, como a identidade, a representação, a efemeridade e a vivência do indivíduo na sociedade de consumo.
O historiador do graffiti Roger Gastman, responsável pela curadoria, deseja que a exposição possa "educar e inspirar através de uma lente curiosa que penetra nos recantos e recantos de todas estas subculturas e no papel enorme que Londres desempenhou para as trazer à luz no palco mundial".