O Dia Mundial de Luta Contra a Sida comemora-se a 1 de dezembro, reunindo pessoas de todo o mundo, com o objetivo de sensibilizar, informar e demonstrar solidariedade internacional face à pandemia. Durante a década de 1970 e 1980, a discriminação da arte sobre a SIDA foi imediatamente suportada por leis federais que proibiam o apoio do desenvolvimento de obras sobre esta temática. "Nenhum dos fundos disponibilizados ao abrigo desta lei (…) deve ser usado para fornecer educação ou informação relativamente à sida, nem para materiais de prevenção ou para actividades que promovam ou incentivem, directa ou indirectamente, as actividades sexuais homossexuais.” É devido a esta lei que muitos dos trabalhos produzidos nesta altura sobre a sida não parecem ser sobre esse tema. Como refere Sergio Bessa, os artistas tinham duas hipóteses: “aprender a camuflar a sida e o conteúdo queer para que a sua arte continuasse a circular no circuito das artes, ou esquecer o apoio oficial e fazer arte que fosse conscientemente activista, sabendo que não seria exibida em museus ou galerias de arte. É por isso que explora esta ideia de camuflagem”. Descubra neste artigo os artistas que arriscaram as suas carreiras com o objetivo de sensibilizar e informar o público sobre a SIDA.
Trojan Boxes de Adam Rolston, riff on Andy Warhol's Brillo Boxes, 1991
Numa instalação composta por caixas de cartão de preservativos Trojan (Trojan Boxes, 1991), Adam Rolston actualiza as Brillo Boxes, 1964 de Andy Warhol e, através de uma mensagem subversiva, recria as caixas de preservativos, acrescentando a palavra anal ao texto originalmente impresso “para sua proteção durante a relação sexual vaginal”.
Untitled (Water) de Felix Gonzalez-Torres, 1995
Uma das peças mais emblemáticas deste conceito de camuflagem são as cortinas de missangas cintilantes - Untitled (Water), 1995 do cubano Felix Gonzalez-Torres. A água que neste contexto seria o elemento purificador, contrasta com aquilo que a doença representaria.
Untitled (Buffalo) de David Wojnarowicz, 1988-89
A uma imagem icónica dos anos 90 com uma série de búfalos a atirar-se de um precipício, é uma metáfora relativamente às políticas americanas sobre a doença no final da década de 1080. Esta obra demonstra a necessidade de camuflagem sobre esta temática na arte americana.
AltarPiece de Keith Haring, 1990
O tríptico de bronze que mostra uma mãe a segurar um bebé e lágrimas que caem sobre uma série de figuras. Após ser diagnosticado com SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) em 1988, o artista começou intensamente a promover a compreensão sobre esta doença, através da sua produção artística. Também fundou a Keith Haring Foundation, como forma de educar, prever e sensibilizar as pessoas sobre a SIDA. A sua carreira fora breve devido à doença, contudo bastante intensa, continuando até hoje a marcar a história, com as suas imagens coloridas, provocativas e socialmente conscientes.
The Silence = Death Project
The Silence = Death Project, mais conhecido por seu icónico poster político, foi um trabalho do coletivo nova iorquino: Avram Finkelstein, Brian Howard, Oliver Johnston, Charles Kreloff, Chris Lione e Jorge Soccarás. Ao rejeitar qualquer imagem fotográfica e ao usar uma linguagem mais abstrata conseguiram atingir múltiplos públicos. O poster chegou às ruas em meados de março de 1987, sendo que o Coletivo acabou por ceder os direitos deste trabalho à ACT UP (AIDS Coalition to Unleash Power).
Unveiling of a Modern Chastity do israelita Izhar Patkin, 1981
Considerada uma das primeiras representações artísticas sobre a doença, esta obra mostra a pele aberta pelas feridas. Exprime assim a dor das pessoas que sofreram com esta doença. #lbgt