Quem é Joana Vasconcelos?
Nascida em 1971, Joana Vasconcelos é uma artista plástica com cerca de 30 anos de carreira, reconhecida pelas suas esculturas monumentais. Inspirando-se tanto em referências pop como na opulência do barroco, o corpo de obra de Joana Vasconcelos reúne uma enorme variedade de meios e materiais, expandindo-se do desenho ao vídeo ou ao têxtil, em esculturas imersivas e instalações site-specific que dialogam com a arquitetura do lugar e convocam a interação do público. Através de um processo criativo assente na descontextualização de objetos e na recriação de símbolos, a artista portuguesa estabelece o diálogo entre o ambiente doméstico e o espaço público, entre a tradição popular e a alta cultura, entre o saber fazer antigo e a tecnologia da modernidade. Com humor e ironia, questiona o estatuto da mulher, a sociedade de consumo e a identidade coletiva, oferecendo novas perspectivas sobre a realidade. Joana Vasconcelos tem trabalhado com artesãos de todo o país, recuperando e valorizando as tradições e o saber nacionais, ao mesmo tempo que lhes confere novos significados.
A natureza do processo criativo de Joana Vasconcelos
Joana Vasconcelos iniciou a carreira em 1994, tendo realizado até hoje mais de 500 exposições, instalações permanentes e obras de arte pública, em 35 países. Em 2000, venceu o Prémio Novos Artistas Fundação EDP, ampliando a sua projeção nacional, e, em 2005, conquistou o reconhecimento internacional com a primeira participação na Bienal de Veneza, o mais importante evento mundial dedicado à arte contemporânea. Artista forte, Joana Vasconcelos nunca se fixou em apenas uma técnica, um método, uma linha, um modo de fazer, encontrando sempre novas formas de explorar situações novas, de se reinventar, como fez, em 2013, com a instalação do Pavilhão de Portugal da Bienal de Veneza num barco, o Trafaria Praia, recuperando os azulejos em homenagem a Lisboa.
A natureza do processo criativo de Joana Vasconcelos assenta na apropriação, descontextualização e subversão de objetos pré-existentes e realidades do quotidiano. Esculturas e instalações, reveladoras de um agudo sentido de escala e domínio da cor, assim como o recurso à performance e aos registos vídeo ou fotográfico, colaboram na materialização de conceitos desafiadores das rotinas programadas do quotidiano. Partindo de engenhosas operações de deslocação, reminiscência do ready-made e das gramáticas nouveau réaliste e pop, a artista oferece-nos uma visão cúmplice, mas simultaneamente crítica, da sociedade contemporânea e dos vários aspetos que servem os enunciados de identidade coletiva, em especial aqueles que dizem respeito ao estatuto da mulher, diferenciação classista, ou identidade nacional. Resulta desta estratégia um discurso atento às idiossincrasias contemporâneas, onde as dicotomias artesanal/industrial, privado/público, tradição/modernidade e cultura popular/cultura erudita surgem investidas de afinidades aptas a renovar os habituais fluxos de significação característicos da contemporaneidade. As intervenções no domínio da arte pública assumem especial relevância no trabalho de Joana Vasconcelos, que tem sido convidada a criar projetos em vários países, nomeadamente no âmbito da reabilitação urbana.
Reconhecimento internacional Joana Vasconcelos
A aclamação internacional chegou em 2005 com A Noiva na primeira Bienal de Veneza curada por mulheres; onde marcou presença por sete vezes no total e voltaria em 2013 ao leme do Trafaria Praia, primeiro pavilhão flutuante da Bienal, representando Portugal. A mais jovem artista e única mulher até hoje no Palácio de Versalhes, a sua exposição de 2012 foi a mais visitada na França em 50 anos. Em 2018, tornou-se a primeira artista portuguesa a expor no Guggenheim Bilbao, com uma das retrospetivas de maior afluência na história do museu, alcançando o quarto lugar no Top 10 das exposições anuais do The Art Newspaper.
Ao longo dos anos, a sua obra passou por grandes museus e galerias do mundo, tais como: Palazzo Grassi, The Thyssen-Bornemisza, Royal Academy of Arts, Manchester Art Gallery, CCBB de São Paulo, Istanbul Modern, Moscow's Garage Center for Contemporary Culture, La Monnaie Paris, Palais de Tokyo e Hermitage. A sua arte marca presença em grandes coleções internacionais, como as de Calouste Gulbenkian, Coleção Berardo, The Ömer Koç, Tia Collection e das fundações François Pinault e Louis Vuitton. No total, foram atribuídos à artista plástica mais de 30 prémios. Venceu o Prémio Novos Artistas Fundação EDP em 2000, foi considerada Personalidade do Ano pela Foreign Press Association em 2012 e recebeu o Prémio de Arte Contemporânea em Israel em 2013. Agraciada com o grau de Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique pela Presidência da República Portuguesa em 2009, em 2022 tornou-se Oficial da Ordem das Artes e Letras pelo Ministério da Cultura Francês.
Fundação Joana Vasconcelos
Em 2012, criou a Fundação Joana Vasconcelos, com o objetivo de promover a arte para todos. Além de gerir a sua coleção de arte, esta instituição colabora regularmente com outras entidades filantrópicas no apoio a causas sociais, através de iniciativas de angariação de fundos, bem como da criação de edições especiais. Todos os anos concede bolsas de estudo, no contexto da parceria desenvolvida com a Universidade de Évora, de forma a incentivar o estudo das artes.